Efetividade e segurança da terapia tripla com boceprevir ou telaprevir no tratamento da hepatite C crônica genótipo 1 em pacientes atendidos em centros de referência no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Callefi, Luciana Azevêdo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-04082017-100925/
Resumo: INTRODUÇÃO: No Brasil, no período compreendido entre 2013 a 2015, a terapia tripla com boceprevir (BOC) ou telaprevir (TVR) foi o tratamento padrão para pacientes infectados pelo vírus da hepatite C (VHC) genótipo 1. OBJETIVOS: Avaliar a efetividade e a segurança da terapia tripla com BOC ou TVR, no contexto de vida real, em pacientes portadores de hepatite C crônica genótipo 1 tratados em centros de referência no Brasil. Foi também objetivo deste estudo, investigar os fatores preditores para obtenção da resposta viral sustentada (RVS) e fatores preditores da ocorrência de eventos adversos sérios (EAS) associados a essa modalidade terapêutica. MÉTODOS: Trata-se de um estudo multicêntrico, observacional e retrospectivo, que incluiu pacientes monoinfectados pelo VHC genótipo 1 que iniciaram o tratamento com interferon peguilado (Peg-IFN), ribavirina e BOC ou TVR . Dados demográficos, clínicos, virológicos e eventos adversos (EA) foram coletados durante o tratamento e seguimento. A análise dos fatores preditores da RVS e de EAS foi realizada por meio do modelo de regressão de Poisson com variância robusta. RESULTADOS: Dos 715 pacientes analisados, 56,1% eram do sexo masculino, com média de idade de 54,1 ± 10,1 anos, 59% eram portadores de cirrose hepática e 67,1% tinham sido tratados previamente. Foram tratados com TVR, 557 pacientes (77,9%), e com BOC, 158 (22,1%). Pela análise de intenção de tratamento, a RVS geral foi de 56,6% (IC 95%, 52,9 - 60,3), com uma efetividade semelhante em ambos os grupos (51,9% [BOC] versus (vs.) 58% [TVR], P = 0,190). Os pacientes cirróticos tiveram uma menor taxa de RVS comparado aos não cirróticos (46,9% vs. 70,6%, P < 0,001). Na análise múltipla, a obtenção de RVS foi associada com a ausência de cirrose hepática (P < 0,001), antecedente de recidiva viral após tratamento prévio (P < 0,001), contagem de plaquetas no pré-tratamento acima de 100.000/mm3 (P < 0,001) e obtenção de resposta viral rápida (P < 0,001). A taxa de descontinuação do tratamento foi de 34,8%, sendo a ocorrência de EA (16,1%) e a falha virológica (15,9%) as principais causas. Em relação à segurança do tratamento, 90,1% dos pacientes (IC 95%, 87,6 - 92,2) apresentaram algum EA durante o tratamento, sendo que 44,2% dos pacientes (IC 95%, 40,5 - 47,9) apresentaram EAS. A anemia foi o EA mais comum em ambos os grupos (59,5% [BOC] vs. 74,5% [TVR], P < 0,001). Houve maior ocorrência de EAS nos pacientes cirróticos comparados aos não cirróticos (50,7% vs. 34,8%, P < 0,001). Sexo feminino (P < 0,001), idade acima de 65 anos (P = 0,008), diagnóstico de cirrose hepática (P = 0,019), concentração de hemoglobina pré-tratamento alterada (P < 0,001) e contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm3 no pré-tratamento (P < 0,001) foram associados à ocorrência de EAS. Seis óbitos (0,8%) ocorreram. CONCLUSÃO: A terapia tripla com BOC ou TVR apresentou uma taxa de RVS superior ao tratamento padrão anterior (Peg-IFN e ribavirina). Contudo, este tratamento apresentou uma alta taxa de EAS, principalmente em pacientes com doença hepática avançada