Osteonecrose dos maxilares associada a bisfosfonatos: avaliação genética em pacientes oncológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Caldas, Rogério Jardim
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25149/tde-27082019-203349/
Resumo: A osteonecrose dos maxilares associada aos bisfosfonatos (OMAB) é reconhecidamente uma complicação tardia dos bisfosfonatos, que são empregados para tratar desordens esqueléticas marcadas pela perda de massa óssea. Hoje, o reconhecimento da variante clínica sem exposição óssea e de outras classes de drogas associadas à osteonecrose dos maxilares (inibidores de RANK-L, VEGF, m- TOR e TNF-a) integram um novo aspecto do conceito dessa entidade patológica. Vários fatores de risco para o desenvolvimento de OMAB foram identificados, incluindo procedimentos odontológicos invasivos, má higiene oral, o uso de bisfosfonatos (particularmente, os bisfosfonatos nitrogenados como o pamidronato e o zoledronato), infusões frequentes e tempo prolongado de exposição aos bisfosfonatos. A saúde bucal é um fator significativo que afeta o risco de OMAB e, juntamente com a predisposição genética, pode explicar algumas das diferenças de incidência encontrada na literatura. Fatores genéticos parecem influenciar o risco de desenvolvimento da OMAB. Os polimorfismos de nucleotídeo único dos genes CYP2C8 e RBMS3 foram significativamente associados com um risco mais elevado. Enquanto o gene CYP2C8 está envolvido na inibição dos osteoclastos, diferenciação dos osteoblastos e regulação do tônus vascular, RBMS3 é um gene envolvido no metabolismo ósseo e foi associado à massa óssea reduzida e a fraturas osteoporóticas. Contudo, houve limitações metodológicas nesses estudos, dos quais apenas um abordou a diferença da frequência de polimorfismos associados à OMAB em grupos étnicos distintos. Até o momento faltam estudos genéticos sobre polimorfismos associados com OMAB que tenham sido replicados e validados com evidências convincentes, particularmente, envolvendo populações não caucasianas. Ainda hoje permanece um grande desafio: estratificar o risco para desenvolvimento da OMAB no contexto clínico. Assim, o objetivo do presente estudo é investigar a associação de fatores clínicos (saúde bucal) e genéticos com a ocorrência da OMAB. Realizou-se um estudo transversal com pacientes oncológicos expostos ao zoledronato e/ou pamidronato por pelo menos 7 meses, com ou sem OMAB. Submeteram-se os participantes à avaliação odontológica. Avaliou-se a condição de cárie dentária e doença periodontal através do índice de dentes cariados perdidos e obturados (CPOD) e índice periodontal comunitário. O índice gengival e o índice de higiene oral simplificado (IHOS) também constaram nessa avaliação. Para a discriminação dos genótipos dos genes CYP2C8 e RBMS3, 2 ml de saliva foram coletados e processados para a técnica de PCR quantitativa. A amostra consistiu de 80 pacientes (69 mulheres e 11 homens). O índice geral de OMAB foi 11,2% (câncer de mama: 11,3%; câncer de próstata: 22,2%). Houve forte correlação positiva entre o estadiamento clínico da OMAB e CPOD (rho=0.9189, p=0.001). Inflamação gengival moderada e cálculo dentário alcançaram, respectivamente, 72% e 50% dos indivíduos com OMAB. Bolsa periodontal de 4 mm ou mais envolveu 37,5% desse grupo. IHOS revelou aproximadamente 25% dos indivíduos desse grupo com higiene oral regular. O polimorfismo do gene CYP2C8 estava presente em 50% dos pacientes com OMAB, enquanto 12% apresentou mutação para o gene RBMS3. Em conclusão, a saúde bucal da população oncológica foi bastante precária e o polimorfismo do gene CYP2C8 pareceu se associar à OMAB em população oncológica.