A imergência da pessoa humana na história: ensaio sobre a filosofia radicalizante (protestante) e o cristianismo ateu de Pierre Thévenaz

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Costa, Daniel da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
God
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-29092014-183716/
Resumo: Sob o signo do aprofundamento e da intensificação da consciência de si, o ato filosófico de Pierre Thévenaz se define como uma filosofia radicalizante. E porque não abre mão e nem elide o lócus de resposta do qual seu ato filosófico toma sua consistência própria que é o da tradição protestante pode receber o complemento (protestante). Assim, uma filosofia radicalizante (protestante). Isso porque a secularização da filosofia, a que seu método de radicalização leva de modo conseqüente, já pressupõe a assunção da própria contingência que é consciência de condição. Consciência de que se fala de algum lugar; consciência de que o pensamento se encontra previamente engajado em um específico hic et nunc que, por conta da condição, recebe sua densidade própria e não pode mais ser cotado no trato das formas abstratas do tempo e do espaço. O que já é um dos índices da superação thévenaziana da redução da filosofia à epistemologia, tal como se tem estabelecido após Kant. Nesse sentido, a abertura plena à contingência pela radicalização forçará a mudança do problema do sentido, ligado pela fenomenologia à consciência intencional, para o problema da hermenêutica histórica. Quer dizer, para o da compreensão dos eventos significativos que têm poder de reorganizar em torno de si o movimento da história. Com a epoché do sentido, lançada sobre o núcleo mesmo do que a fenomenologia husserliana descobrira como a atividade própria da consciência intencional, assim, um passo decisivo no movimento de radicalização thévenaziana, só restará à razão filosófica (ao ser humano) tomar o sentido como tarefa por se fazer, inacabada e não garantida. Esse passo negativo, todavia, não recebe, em Pierre Thévenaz, o tom de palavra final, de última palavra. Pois se assim fosse, serviria ainda como álibi para a instauração de uma nova instalação. Desta vez tão segura no negativo quanto o era na ingenuidade otimística do sentido garantido. O qual permanecia na consciência intencional como ainda um último bastião de força e de atração, exercido sobre a consciência ingênua da atitude natural, sem ser superado. Isso porque agora a razão, já tendo alcançado um nível profundo de consciência de sua condição humana, de sua contingência, de sua fraqueza e equívoco sempre possíveis, para continuar sua atividade crítica costumeira, sua vocação mesma, deverá aprender a tirar força de sua fraqueza. A razão terá de se desdivinizar; de parar de tentar falar por Deus, ou pelos olhos de Deus; de parar de postular reduplicações de si como razão juiz ou razão instância não tocada pela crítica. Ela deverá assumir-se como estando em crise: assumir-se como humana, e humana só. Ora, esta possibilidade inusitada que se abre à própria razão pela radicalização, como vemos, não surge do nada. Ela representa, no inverso mesmo, outra possibilidade que à que Hegel estabeleceu na linha do horizonte e cuja atração exercida no interior do pensamento contemporâneo é bem mais sutil e presente do que parece. Por isso, será preciso desvencilhar a metafísica de certos comprometimentos históricos que a têm desacreditado, para se chegar ao seu mais autêntico núcleo afim à radicalização. Pelo que o signo da defesa da especificidade e da singularidade contra as categorias gerais continentes; o signo da defesa das irredutibilidades aos reducionismos, espiritualistas ou materialistas, será o que caracteriza, para Thévenaz, o movimento mais interno à metafísica ocidental. Este signo é o do espaço ontológico que a metafísica, descoberta por Platão, esclarece a necessidade de que seja mantido entre as grandezas em relação. Todavia, para ativar o que esta descoberta, neutralizada sob a lógica auto contida de uma razão autista, poderia auferir em termos de aprofundamento da consciência de condição, será necessário um apoio externo à razão. E este ela o recebe da experiência choque de imputação de loucura sobre ela que a fé cristã primitiva lançou. E não sendo possível à razão avaliar a justeza de tal imputação, pois não se trata de mais um argumento lógico com o qual ela jogar o seu jogo, a razão é levada a verificar por si mesma a pertinência de tal possibilidade. E assim, nessa nova disposição, um campo insuspeito e infinito, sobre o qual ela pode retomar sua atividade crítica, inesperadamente se abre. Só que agora esta atividade já não poderá mais ser exercida sob o selo de sua inconsciência e do seu autismo tradicional, mas sob o novo índice de uma consciência de condição aprofundada que muda o registro do cumprimento de sua vocação para o de uma atividade intelectual responsável no aqui em baixo, neste mundo