Representação social da mulher e interdiscurso em editoriais da revista Tpm

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Camargo, Alice Vasques de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-06122016-123339/
Resumo: Esta pesquisa tem o objetivo de analisar a representação social da mulher construída discursivamente em editoriais da revista feminina paulista Tpm com foco na verificação das relações interdiscursivas estabelecidas pela voz autoral e na definição do perfil de leitora ideal do periódico por meio dos recursos de contração e expansão dialógica. O propósito da análise é identificar de que maneira a revista Tpm contribui ou não, enquanto veículo de comunicação, para uma mudança no cenário social da desigualdade entre os gêneros. A fundamentação teórico-metodológica da pesquisa foi pautada pela Análise Crítica do Discurso (ACD) com foco no modelo de análise proposto por Norman Fairclough (2004, 2010, 2012) e pelo Sistema de AVALIATIVIDADE (MARTIN e WHITE, 2005), ancorado na perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) de Michael Halliday (2014 [1985]). Em termos de justificativa, busca-se fazer uma contribuição tanto no âmbito dos estudos da linguagem quanto no âmbito social, dado que são abordadas questões de gênero e representação na mídia impressa orientadas para uma reflexão crítica e discursiva que leve a uma verdadeira mudança social e ao empoderamento feminino. A análise do Engajamento mostra que há uma ocorrência maior de recursos de contração dialógica do que de expansão dialógica nos editoriais, o que revela um alto teor de comprometimento da voz autoral. Além desses mecanismos, sobre os quais recaiu o foco da análise linguística, também o exame dos subsistemas da Atitude e da Gradação evidenciou que muitos discursos e estereótipos de gênero que colaboram para a manutenção e para a desigualdade de poder entre os sexos são total ou parcialmente rejeitados pela revista, enquanto algumas concepções de realidade alinhadas com posicionamentos voltados para a igualdade de gêneros são endossados e defendidos pela voz autoral. Os resultados mostram, portanto, que há intenção de mudança e potencial para transformar algumas concepções estereotipadas sobre comportamento e valores que reiteram padrões machistas de pensamento no que diz respeito à representação da mulher por parte do periódico. Assim, ideologicamente, a revista Tpm coloca-se em oposição ao discurso das revistas femininas mais tradicionais e aproxima-se de alguns posicionamentos feministas, tais como a autonomia individual, o questionamento de padrões de beleza e a defesa da legalização do aborto. No entanto, a revista tem limites que precisariam ser rompidos para uma mudança social e política mais significativa no que diz respeito à representação da mulher. Esses limites estão ligados, principalmente, à questão do consumo. Comprometida com anunciantes, a publicação perde a total liberdade de quebra de padrões. Assim, apesar de distanciar-se do ponto de vista ideológico das mulheres representadas pela maioria das revistas femininas e pela mídia de massa em geral, a leitora ideal da revista Tpm principal modelo de representação feminina do periódico apresenta muitos pontos de convergência com elas no que diz respeito ao perfil sociocultural, pois continua sendo uma mulher cisgênero, branca, heterossexual, de classe média-alta, moradora das zonas urbanas mais ricas do Brasil e preocupada com questões concernentes à liberdade individual.