Uso de álcool e outras drogas entre jovens órfãos cujos pais morreram de Aids na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Santos, Ana Claudia Wendt dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-01102014-144004/
Resumo: A presente tese almejou investigar o uso abusivo de álcool e outras drogas nos domicílios onde hoje vivem jovens cujos pais (um ou ambos) morreram em decorrência da Aids, e compõe um subprojeto de seguimento da pesquisa intitulada Estigma e Discriminação Relacionados ao HIV/AIDS: Impactos da Epidemia em Crianças e Jovens na Cidade de São Paulo. O estudo de seguimento foi de natureza exploratório-descritiva e incluiu dez jovens (de idade entre 15 a 24 anos) de ambos os sexos, cujas famílias são residentes nas Zonas Noroeste e Oeste e que participaram da pesquisa anterior. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com base em questionários. Como resultado, observou-se que o contexto e a rede de relações em que os jovens participantes estavam inseridos conseguiram preservá-los de fazerem o consumo prejudicial de bebida alcoólica e de usarem outras drogas. Portanto, a orfandade em si não se destacou como um fator determinante para o aumento da vulnerabilidade a este agravo no grupo estudado. Nos domicílios visitados, apenas uma jovem poderia ser considerada usuária abusiva de bebida alcoólica que foi, então, convidada a participar de um estudo de caso. No total, cinco entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com ela tomando como ponto de partida a construção de seu Mapa de Redes. Para a análise dos dados foi utilizado quadro da Vulnerabilidade e da Abordagem Psicossocial e a teoria de Redes de Apoio Social. No estudo de caso, pode-se observar que a orfandade de pai e de mãe, somada ao afastamento dos integrantes de sua rede familiar; ao receio do estigma e da discriminação por ter pais que morreram devido à Aids; a impossibilidade de acessar um apoio psicossocial para lidar com sua solidão; ao desemprego, entre outras situações, serviram para ampliar a vulnerabilidade da jovem ao uso prejudicial de bebida alcoólica. Observou-se que os encontros e as conversas estimuladas pela compreensão da rede de apoio social de um indivíduo podem contribuir para o esclarecimento de contextos raramente incluídos em outros quadros conceituais que tratam do consumo prejudicial de álcool e outras drogas. O uso do Mapa de Redes permitiu à jovem entrevistada resgatar e reforçar o vínculo com os integrantes da rede de apoio social (rede familiar, de amigos, vínculos no novo emprego) considerados como importantes mediações para concretizar seus planos para o futuro. Contribuiu, ainda, para mitigar sua vulnerabilidade individual ao uso prejudicial de bebida alcoólica nos momentos de sofrimento. Em acréscimo a outras metodologias desenvolvidas com base no quadro da vulnerabilidade e dos direitos humanos, acredita-se que a referida abordagem estimula o desenvolvimento de reflexões relevantes para a formulação de políticas públicas condizentes com as necessidades expressas pelos jovens estudados. Desse modo, espera-se que a continuidade desse esforço permita construir ações que previnam e suprimam as circunstâncias que expõe as pessoas a situações de vulnerabilidade ao uso prejudicial e à dependência de bebida alcoólica e outras drogas, e que forneça subsídios importantes para os profissionais que atendem aquelas que buscam e se encontram em tratamento