Às voltas com o impossível: uma experiência psicanalítica com educadores sociais no trabalho junto a crianças e adolescentes com perspectiva de longa institucionalização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Aguiar, Gabriela Medeiros Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-11112019-184353/
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo discutir possíveis contribuições da psicanálise de orientação lacaniana ao trabalho de educadores sociais em serviços de acolhimento institucional para crianças e adolescentes. A partir da experiência com um dispositivo grupal orientado pela psicanálise junto a profissionais de um serviço de acolhimento, discutiu-se o lugar central ocupado pelos educadores em relação a essas crianças e adolescentes, sobretudo no caso daquelas que têm poucas perspectivas de retorno familiar ou colocação em família substituta, para as quais os profissionais do serviço tornam-se, muitas vezes, suas principais referências. Estes casos lançam questões importantes ao campo, tendo em vista que remetem à permanência de uma cultura de institucionalização que marcou as primeiras normativas e políticas públicas voltadas para a infância e juventude no Brasil, fortemente relacionadas a mecanismos de tutela e controle social das camadas mais pobres da população. A todo momento problematizou-se o apagamento da diferença fundamental entre a perspectiva do sujeito de direito e do sujeito de desejo: em nome da proteção do primeiro, que seria possível afastando-o de todas as condições que pudessem colocar-lhe em risco, perde-se de vista a dimensão do segundo, afastando aqueles que teriam um interesse particular sobre a criança. O processo de desacolhimento institucional por maioridade revelou-se como problemática central na dinâmica institucional estudada, por precipitar a necessidade de melhor circunscrever os propósitos da própria instituição de acolhimento e o lugar do educador social, para além de uma referência familiar idealizada, como se convencionou pautar as relações estabelecidas neste contexto. Fazendo frente a essas concepções, propôs-se resgatar a dimensão da implicação subjetiva do educador frente a cada criança e adolescente, entendendo-se que seu posicionamento pode dar-lhes mais ou menos condições para que se reconheçam e se coloquem enquanto sujeitos do desejo, possuidores de fala. Foi levada em conta nesta discussão a impossibilidade inerente ao educar, o que coloca para o profissional o desafio de ter que intervir sem ter garantias do resultado de seu ato, sendo fundamental a construção de um saber singular de sua própria experiência junto a cada caso