Impacto da implementação da pré-autorização obrigatória para o uso de antimicrobianos específicos sobre o custo e o consumo de antimicrobianos no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Doltrario, Andréa Beltrami
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17165/tde-10052021-143147/
Resumo: O alto e, muitas vezes, inadequado consumo de antimicrobianos associado às consequências desse comportamento, como desenvolvimento de resistência bacteriana e infecções por germes resistentes em ambiente hospitalar ou em comunidade é considerado uma crise emergencial para a saúde pública. No ambiente hospitalar, 30% dos pacientes hospitalizados vão receber algum tipo de antibiótico e existe algum tipo de inadequação em até 50% de todas as prescrições desse tipo de medicamento. Para melhorar esse cenário, é obrigatório, no Brasil, que os hospitais possuam programas de uso racional de antimicrobianos. Dentro do contexto de estratégias para uso racional de antimicrobianos, este estudo retrospectivo observacional visa avaliar o impacto da implementação da pré-autorização obrigatória para o uso de antimicrobianos específicos sobre o custo e consumo de antimicrobianos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. A medida restritiva teve início formal, neste serviço, em setembro de 2014 e continua a ser realizada até o presente momento, juntamente com estratégias de consultoria, auditoria e feedback. Para a avalição proposta, foi realizada análise de custo pelo método de microcusteio e análise de consumo pela metodologia DDD/ATC da Organização Mundial da Saúde, extraindo-se dados mensais referentes ao uso de 15 antimicrobianos restritos e 8 não restritos, por paciente, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2018. Para compor a avaliação econômica também avaliamos o investimento com a equipe médica responsável pelo gerenciamento do uso de antimicrobianos. A análise estatística das séries temporais geradas foi feita aplicando-se a técnica de segmentação binária para busca de pontos de mudança nas médias mensais de custo e consumo. O investimento com a equipe médica se mostrou favorável para a economia hospitalar. Houve redução de 40% do custo e redução de 15% em relação ao consumo dos antimicrobianos restritos, temporalmente relacionadas ao início da medida. Tais reduções deveram-se principalmente à diminuição do consumo com antifúngicos: Voriconazol (redução imediata do consumo em 58,5%) e Anfotericina B Lipossomal (redução imediata do consumo em 24,4%). Dentre os antibióticos restritos, houve expressiva redução do consumo de Amicacina, 62,2%, com consequente aumento do consumo de Gentamicina em 69,2%, medicamento não restrito. Durante o período pós restrição outros antimicrobianos não restritos como Meropenem e Vancomicina também tiveram consumo aumentado. Diante dos resultados, a medida restritiva demonstrou capacidade de reduzir consumo e custo, principalmente com antifúngicos, mas faz-se necessário atentar para efeitos adversos indesejados da restrição, como o aumento de consumo de antimicrobianos não restritos de forma secundária.