Pertencer à terra, habitar com a água: territorialidade amapaense e confluências da palafita na Vila Elesbão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Salgado, Victor
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-03092024-100120/
Resumo: Esta pesquisa busca compreender múltiplas confluências entre a habitação palafítica urbana no Amapá e os modos de fruir territorialidade com as águas. Seu objetivo principal concentra-se na compreensão das relações de necessidade com a terra e as águas que firmam o modo de vida palafítico na Vila Elesbão. Uma comunidade urbana de experiência pulsante com o rio Amazonas, localizada na cidade de Santana, no Amapá, abundante em saberes que atravessaram os tempos antigos até o séc. XXI. Contudo, enfrenta o colonialismo estrutural das cidades. Em afinco com a circularidade (início-meio-início), proponho um resgate do contexto histórico e cosmológico da ancestralidade territorial na região da foz do amazonas, girando em um esforço de unir descontinuidades e emaranhados, passando por narrativas da resistência contra hegemônica nas disputas pelo território amazônico às operações políticas e projetos de exploração no Amapá, uma travessia que alcança a arqueologia, citando as transformações da floresta construídas pelos povos indígenas do passado e sua agência na terra junto as espécies não humanas, que cultivavam cidades fora do modelo de polis do colonizador. Em continuidade, da-se ênfase às águas no habitat das palafitas, abordando relações históricas e socioambientais da comunidade Vila Elesbão, tencionando conceitos entre corpo-território e expondo a precariedade como ferida aberta pelo modelo de urbanidade (única) capitalista moderno-colonial. Por último, discute-se o pertencimento nas águas como uma compreensão de potência da vida nesta periferia urbana da amazônia, que resiste, mesmo sendo historicamente atacado, continuamente enfraquecido, atrofiado e inviabilizado pelo poderio colonialista. Conclui-se com esta pesquisa que a indispensável inclusão de mais conceitos e saberes no campo de estudos dos assentamentos humanos, que não poderia vir de outro lugar senão das ancestralidades, práticas e saberes envolvidos nos territórios por seu povo. Neste sentido, a casa como parte da fruição acerca da natureza é tão mais necessária do que sua utilidade como objeto mercadológico do capitalismo.