Cuidar em família: análise da representação social da relação do cuidador familiar com o idoso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Mazza, Márcia Maria Porto Rossetto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-01082024-190545/
Resumo: O que este estudo se propôs investigar foi o cotidiano dos cuidadores familiares de idosos com idade a partir de 70 anos, e com incapacidade funcional. Particularmente, o objetivo foi compreender o que é para esse cuidador familiar o ato de cuidar e como ele vê esse idoso objeto do cuidado. O universo da pesquisa abrangeu 17 cuidadores familiares de idosos, circunscritos na área de abrangência do Centro de Saúde Escola Geraldo Paula Souza da Faculdade de Saúde Pública da USP, do município de São Paulo, e participantes do \'\'Projeto Capacidade,\" intitulado Programa de Assistência ao Idoso no Domicílio, fundamentado num Sistema de Vigilância à Incapacidade Funcional e Dependência. A Metodologia de Pesquisa utilizada foi a qualitativa, e a estratégia metodológica para análise das entrevistas foi a do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Diferentes representações sociais foram extraídas dos discursos desses cuidadores familiares. Nessa linha, os sentimentos que levaram esses cuidadores a se comprometerem com o cuidado ao idoso foram do tipo: preocupação de algo errado acontecer com o idoso, retribuição ao que recebeu na infância, desgaste e sobrecarga do cuidado, dever e obrigação, inversão de papéis na relação mãe-filho, ambivalência de sentimentos, entre outros. Para esses cuidadores existem dois tipos de cuidados: um técnico, em que o conhecimento, a obtenção de informação e o suporte e respaldo médico são necessários para o seu cotidiano de cuidado; e um saber leigo, em que o cuidado é o resultado da boa vontade, intuição, é saber desempenhar as Atividades de Vida Diária e também favorecer a independência e dar suporte ao idoso. As representações extraídas dos discursos quanto à possibilidade do asilamento dos idosos foram: a família cuidar melhor, pois ela impede que o idoso fique deprimido; a família lança mão da institucionalização quando não possui um familiar para cuidar do idoso, e quando o idoso está muito dependente necessitando de cuidados especiais. A institucionalização é entendida como maléfica, pois provocaria a morte do idoso, não sendo aceita nem pelo idoso nem pelo cuidador. Para esses cuidadores familiares, também: a filha mulher é a pessoa mais capacitada para cuidar do idoso, os filhos não devem abandonar seus pais e o Estado não deve abandonar seus velhos, os idosos dão muito trabalho para os cuidadores e só o plano de saúde garante atendimento médico. Como observação final, pode-se salientar que os cuidadores do presente estudo cuidam de seus idosos com respeito e dignidade embora sintam-se, muitas vezes, desencorajados pelo desgaste e pelas dificuldades que cotidianamente têm de enfrentar no seu trabalho, sem a ajuda e respaldo necessários, solitários e desprovidos de atenção.