Resumo: |
Há uma extensa bibliografia que discute as diferenças de gênero que vão de disparidades salariais até desigualdades nas oportunidades de carreira entre homens e mulheres nos meios corporativos, sempre em prejuízo destas. Esta dissertação buscou expandir tais estudos para uma via ainda pouco explorada: investigar como o sexismo se apresenta no cotidiano das empresas, olhando para os processos de trabalho em recursos humanos, a partir de trabalhadoras dessa área. Para tanto, a presente pesquisa contou com as entrevistas de seis trabalhadoras de recursos humanos, de diferentes empresas e com mais de cinco anos de experiência na área. As análises se deram com base nos discursos advindos das entrevistas, com a divisão em categorias analíticas fundamentadas na literatura discutida e nos achados das entrevistas. Como resultado, vimos que, apesar de anos de luta dos diversos movimentos feministas, de ações afirmativas e de iniciativas de gestão da diversidade, as mulheres ainda sofrem preconceito de gênero no trabalho, sendo preteridas nos processos seletivos, de promoção e de avaliação, por razões relativas à condição de ser mulher. As iniciativas de diversidade das empresas, quando existem, geram inclusão em certa medida, mas não resolvem os saldos de discriminação que a sociedade acumulou ao longo de seu processo histórico. Isso se dá porque o sexismo está presente na tomada de decisões desses processos, os quais definem as trajetórias profissionais das trabalhadoras, através do papel ingrato desempenhado pelas lideranças, o qual perpetua os preconceitos de gênero. Desse modo, há forças que se contradizem no cotidiano das empresas, pois mesmo que existam programas de diversidade, estes resultam na mercantilização das lutas dos movimentos sociais de gênero e raça, esvaziando e desarticulando essas pautas; além de garantirem a perpetuação do preconceito, através dos gestores, o que resulta na manutenção dos privilégios sexistas. Essa engrenagem parece ser necessária para a manutenção do capitalismo |
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