William Hazlitt, um ensaísta ao rés-do-chão: ensaio e crítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Monteiro, Daniel Lago
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-02032017-150739/
Resumo: Esta tese procura analisar a obra do ensaísta e crítico inglês William Hazlitt (1778-1830) a partir de um conjunto de imagens que vinculam as diferentes etapas envolvidas durante o ato de confecção do ensaio crítico e literário aos acidentes topográficos e à textura do solo, expressos no arquétipo recorrente do autor, ao résdo- chão. Pela análise interna de texto e do exercício de leitura, perseguimos as passagens em que Hazlitt reflete sobre seu próprio metiê. A defesa do ensaio como forma de arte coloca-lhe a exigência de um altíssimo grau de elaboração que o aproxima, por analogia, à crítica inventiva e a outras formas de arte. Nesse sentido, o estudo desses elementos formais foi indispensável à pesquisa também nos foi de grande valia o exame de alguns aspectos históricos e culturais, como o chamado Romantismo Inglês. Nos interessou, sobretudo, aquilo que definimos como atitudes mentais próprias do ensaísta, experimentadas e vividas por Hazlitt com intensidade, a saber: o retratista, o amigo e o adversário. Desse modo, cada um dos três capítulos desta tese pretende cobrir uma dessas atitudes. No primeiro capítulo, sobre o retratista e o estágio inicial de confecção do ensaio (a inspiração), acompanhamos o autor em suas peregrinações juvenis na leitura cerrada de algumas passagens de dois ensaios em que ele narra a sua experiência de conversão ao mundo das artes, My First Acquaintance with Poets e On the Pleasure of Painting, e no modo como os retratos literários que escreveu de Jean-Jacques Rousseau e de Edmund Burke, seus legítimos precursores, apontaram a ele os caminhos para uma crítica inventiva. No segundo capítulo, sobre a atitude do amigo e a leitura, encontramos Hazlitt ora na solidão de seu quarto, mastigando os pensamentos, ora em companhia de pessoas próximas. Intimidade e convivência são os ingredientes chaves para essa etapa do trabalho. Para Hazlitt, a escrita de ensaio envolve um convite cordial ao leitor, com o qual o ensaísta espera dividir amigavelmente a sua tarefa. No terceiro capítulo, sobre a escrita, investigamos o papel do ensaísta como agente das transformações sociais, própria à atitude do adversário. O ensaio se apresenta como espaço privilegiado onde se travam lutas com ideias e se disputa uma causa; o ensaísta, por sua vez, se apresenta como o homem das ruas (man-about-town), cujas andanças pela metrópole londrina e convivência com os homens, sobretudo aqueles pertencentes às classes baixas, permitiu-lhe combinar à elegância do ensaísta os momentos combativos e ousados de prosa.