Flávio Império teatro e arquitetura 1960-1977: as relações interdisciplinares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Machado, Rogerio Marcondes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-22062017-154110/
Resumo: Tendo como hipótese a de que as teorias teatrais podem ser utilizadas para a análise e para o estímulo da produção de arquitetura e urbanismo configura-se, nesta tese, um campo interdisciplinar cujo foco é a produção do arquiteto e cenógrafo Flávio Império(1935-1985). Império é um importante elo entre o teatro e a arquitetura vanguardistas produzidas em São Paulo, especialmente durante o período em que foi professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP); por esse motivo adota-se esse período como o recorte temporal desta pesquisa. Em São Paulo, o engajamento político dos arquitetos e dos artistas do teatro, ao longo da década de 1960, os levaram a desenvolver linguagens artísticas bastantes distintas, apesar de compartilharem objetivos políticos e sociais similares. A análise da produção arquitetônica e cenográfica de Império, complementada com a de outros artistas próximos ao seu contexto, permite descrever as convergências e divergências entre a linguagem arquitetônica brutalista, como defendida por Vilanova Artigas (1915-1985), arquiteto e professor da FAU-USP, e o teatro épico brechtiano valorizado pelos grupos Teatro de Arena e Teatro Oficina, junto aos quais Império trabalhou intensamente. O atrito entre estas duas linguagens (a arquitetônica e a teatral) manifesta-se na produção realizada por Império junto com os arquitetos Sérgio Ferro (1938) e Rodrigo Lefèvre (1938-1984), em que o pensamento utópico e desenvolvimentista, característico do brutalismo paulistano, confrontava-se com as propostas realistas e de exploração do cotidiano, defendidas por Bertolt Brecht (1898-1956). O retrocesso democrático produzido pelo Golpe Civil-militar de 1964 e pela consolidação da ditadura como Ato Institucional n.5 (AI-5) em 1968, colocam à prova estas distintas opções artísticas. A arquitetura reage reforçando a autonomia do seu campo disciplinar e artístico, enquanto que o teatro, em sentido oposto, coloca em cheque a pertinência das estratégias políticas e artísticas enrijecidas, e isso se pode observar na produção Tropicalista, intensa em muitos campos artísticos, mas não no ambiente cultural da FAU-USP. Enquanto o teatro, e as artes plásticas, exploraram os aspectos rituais, imagéticos e corporais da produção cultural, questionando o status do objeto artístico, os arquitetos mantiveram-se fiéis à espacialidade e à temporalidade abstrata e impessoal do modernismo. Estas questões são aqui desenvolvidas e analisadas tendo como referência as ideias teatrais influentes naquele período - partilhadas por Império - e foram utilizadas como ferramenta crítica desta produção arquitetônica e urbanística.