Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Pina, Marina Garcia Manochio |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-10022015-195203/
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Resumo: |
A alimentação tem significado sociocultural e psicológico e apresentam forte impacto na etiologia e manutenção dos transtornos alimentares. O objetivo deste trabalho foi identificar o modelo cultural na alimentação em pacientes com transtornos alimentares e mulheres saudáveis considerando o estado nutricional e a imagem corporal. Estudo transversal, comparativo e quanti-qualitativo com dois grupos de mulheres: saudáveis (grupo controle-GC) e pacientes com Anorexia Nervosa (AN) e Bulimia Nervosa (BN) (grupo de pacientes-GP) de três serviços especializados do estado de São Paulo. Foi realizada entrevista individual para coleta de dados sociodemográficos, antropométricos (peso, estatura), alimentares (Eating Attitudes Test-EAT-26) e de imagem corporal (Escala de Figura de Silhuetas). Para definir o modelo cultural na alimentação foi aplicada a Lista livre de alimentos composta por 31 itens para que as participantes fizessem agrupamentos de acordo com seus próprios critérios. A seguir, aplicou-se o Ranking dos alimentos para verificar o consenso e a competência culturais. Por fim, foi realizada entrevista de grupo focal para melhor compreensão dos resultados obtidos. Foram utilizados os testes de Kruskal-Wallis, Mann-Whitney, o Escalonamento Multidimensional, a Análise de Agrupamento, o PROFIT e a análise de regressão logística. Participaram 112 pacientes (GP: AN=62; BN=50) e 36 mulheres saudáveis (GC) cuja idade média, em anos, foi semelhante (GP: AN=30,1±10,7; BN= 29,8±7,8; GC: 28,17±12,6). O EAT-26 (em pontos) foi maior no GP (AN= 37,9±19,4; BN= 38,5±15,4; GC =12,3±5,1) e o IMC (Kg/m2 ) mostrou baixo peso na AN (18,2±3,9), sobrepeso na BN (25,4±6,2) e eutrofia no GC (21,5±2,3). A percepção da imagem corporal indicou inacurácia (AN=10,5±10,7; BN=8,4±6,3; GC=2,7±5,0) em todos os grupos (p<0,05) e insatisfação apenas no GP (AN= -11,3±13,9; BN= -13,7±9,0; GC= -1,3±5,0). O modelo cultural mostrou que calorias, saúde e gosto são as dimensões que os grupos utilizaram para agrupar os alimentos com consenso forte em calorias (eigenvalue ratio=9,57 no GP e 11,09 no GC) e saúde (eigenvalue ratio=10,63 no GP e 11,34 no GC). No entanto, há divergências no compartilhamento dessas ideias entre os grupos e dentro dos grupos, especialmente nas pacientes com AN. No GP, as pacientes pensam na alimentação em uma única dimensão, pois calorias (R=0,916), saúde (R=0,963), e gosto (R=0,706) apresentam boa correlação com os alimentos, direcionadas pelo critério calorias, diferentemente do GC que apresenta atributos bem definidos e diferenciados (caloria: R=0,943; saúde: R=0,933 e gosto: R=0,573). O modelo logístico apresentou bons resultados de classificação dos grupos (81%) com influência da competência cultural de gosto, calorias, concordância residual de gosto e satisfação corporal para o participante estar no GC. Os alimentos têm diferentes representações traduzidas por sentimentos de vida e morte norteados pelo conteúdo calórico deles, mas na busca do equilíbrio nutricional. A cultura alimentar contemporânea incentiva e valoriza padrões saudáveis de alimentação, o que foi demonstrado em ambos os grupos. Nos transtornos alimentares, há influência de outros fatores, clássicos da etiopatogenia desses quadros, resultando em escolhas alimentares menos calóricas. A assistência nutricional para pessoas com transtornos alimentares deve considerar os sistemas culturais e promover a discussão sobre crenças e valores simbólicos atribuídos aos alimentos |