A história indígena profunda do sambaqui Monte Castelo: um ensaio sobre a longa duração da cerâmica e das paisagens no sudoeste amazônico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Pugliese Junior, Francisco Antonio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-02102018-162628/
Resumo: Neste trabalho são apresentadas e discutidas algumas das características da história indígena profunda de Monte Castelo, à luz dos resultados recentes da pesquisa naquele sítio e em relação à arqueologia dos sambaquis da Amazônia. Os dados obtidos em Monte Castelo confirmam que estão nos sambaquis os mais antigos e persistentes conjuntos cerâmicos das Américas, em um contexto onde a construção das paisagens perdurou por milênios e marca períodos recuados de intensificação na ocupação humana da bacia amazônica. Cultura material, estratigrafia e cronologia são apresentados a fim de caracterizar os traços fundamentais sobre a origem e desenvolvimento da tecnologia de cerâmica e manejo das paisagens nas terras baixas da América do Sul. Desde tempos muito recuados a intervenção humana nas paisagens proporcionou a reocupação de muitos dos sítios arqueológicos mais antigos conhecidos. Paralelamente, diversos marcadores paleoambientais na Amazônia meridional têm evidenciado variações no clima que acompanham as ocupações humanas desde, ao menos, o Holoceno Inicial. Na bacia do rio Guaporé, a cronologia da ocupação dos sítios parece acompanhar as tendências à maior disponibilidade hídrica e expansão das florestas, em um período marcado pelo surgimento de comunidades mais numerosas e artefatual complexo ao longo do Holoceno Médio. Ali, o feedback entre intervenções humanas e mudanças climáticas criou um lugar privilegiado para os assentamentos, cuja impressionante continuidade relativa proporcionou o registro de algumas das mais importantes mudanças culturais e paisagísticas que amplamente se disseminaram pela Amazônia - e para fora dela - durante milhares de anos. Buscando trazer a noção de lugar significativo para a arqueologia dos sambaquis amazônicos, este trabalho propõe uma maneira de compreendê-los por meio de uma noção inclusiva de ancestralidade e que pode ser útil para os povos indígenas contemporâneos recuperarem seus territórios tradicionais.