Paleobiogeografia dos Bivalvia cenozóicos da Antártica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Quaglio, Fernanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-05062018-100401/
Resumo: Grandes mudanças climáticas ocorridas no final do Paleógeno afetaram profundamente a distribuição e evolução de faunas marinhas e terrestres das porções austrais do Hemisfério Sul. Evidências geoquímicas apontam para a ocorrência de um grande evento de esfriamento global concomitante à expansão dos mantos de gelo na Antártica, no limite Eoceno/Oligoceno, marcando a passagem greenhouse-icehouse no planeta. Tais eventos foram deflagrados pela queda na concentração de gás carbônico atmosférico durante uma fase de mudança na obliquidade da Terra. Simultaneamente, a Antártica se isolou geograficamente, pela separação da Austrália e da América do Sul. A nova configuração tectônica alterou os padrões de circulação marinha e atmosférica nas altas latitudes, culminando na formação da Corrente Circum- Antártica. Sob este aspecto, os bivalves representam um grupo adequado para estudos paleobiogeográficos, devido ao grande potencial de preservação e às características ecológicas, que auxiliam no entendimento da resposta biótica frente às mudanças ambientais e dinâmica das correntes marinhas ocorridas nas altas latitudes ao longo do Cenozoico. A presente tese introduz novos dados a respeito dos depósitos relacionados aos principais eventos cenozoicos de glaciação antártica, como as formações Polonez Cove (Oligoceno inicial) e Melville (Mioceno inicial), na Ilha Rei George. Além disso, avalia, do ponto de vista paleobiogeográfico, a distribuição do registro de moluscos bivalves ao longo do Cenozoico nas porções austrais do Hemisfério Sul. A descrição taxonômica de cinco novos registros, incluindo três espécies novas, contribui para o conhecimento da diversidade cenozoica de moluscos bivalves da Antártica. As análises paleobiogeográficas aplicaram, de forma inédita, métodos analíticos de biogeografia, como as análises de cluster e de parcimônia de endemicidade e panbiogeografia, a partir de extensa lista de dados de ocorrência de gêneros de bivalves, do registro atual e fóssil, totalizando aproximadamente 900 gêneros, distribuídos em mais de 41.000 registros austrais cenozoicos. Os resultados da presente tese confirmam a influência do histórico de mudanças ambientais ocorridas na Antártica na fauna de bivalves marinhos austrais ao longo do Cenozoico. A análise multivariada e de parcimônia de todos os gêneros de bivalves registrados do Cretáceo ao Recente em regiões austrais indica que a Província Weddelliana se fragmentou ainda no final do Cretáceo, sendo que as novas províncias austrais se definiram ainda no Paleógeno. O registro dos gêneros de bivalves cenozoicos da Formação Cape Melville sugere que os eventos glaciais na Antártica extinguiram apenas os gêneros de águas rasas, devido à restrição de habitats costeiros e plataformais após o avanço da plataforma de gelo no Plio-Pleistoceno.