Evolução sedimentar e cronologia da barreira costeira quaternária de Maçambaba: a influência de ventos de rumos opostos e seu possível significado paleoclimático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Andrade, Helena Asmar de Abreu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-22092015-150237/
Resumo: A barreira arenosa costeira quaternária de Maçambaba situa-se entre Saquarema e Arraial do Cabo, imediatamente a W da mudança abrupta de orientação da linha de costa do Estado do Rio de Janeiro, de SW-NE para W-E, um dos fatores determinantes do fenômeno da ressurgência na região. Ela é caracterizada nesta dissertação quanto a geomorfologia, sedimentologia (granulometria, minerais pesados e petrografia de calcários) e geocronologia ( 14 C AMS e LOE). Representa-se em superfície por duas barreiras alongadas, paralelas à costa, depositadas ao final dos últimos eventos de subida do nível relativo do mar (NRM) do Pleistoceno (EIO 5e) e Holoceno (EIO 1). O sistema hipersalino lagunar de Araruama, com extensão ao longo de toda a barreira, corresponde a um vale inciso afogado de até 10 m de profundidade que isola o terreno pleistocênica do continente. Na metade oeste, outro sistema lagunar, mais estreito e raso, e também hipersalino, desenvolve-se na retrobarreira holocênica, com limite interno na barreira pleistocênica. Idades máximas obtidas na base dos depósitos lagunares de vale afogado (6000 anos AP) e de retrobarreira (7000 anos AP) indicam que os dois sistemas lagunares se instalaram simultaneamente na transgressão do Holoceno. A presença de dois sistemas eólicos com rumos de migração opostos deve-se à alternância entre as ações efetivas de ventos de SW e de NE, ao longo do tempo. O sistema eólico com rumo de migração NE forma-se a partir da praia de mar aberto e caracteriza-se por dunas frontais de alturas crescentes de oeste para leste, com presença também de blowouts na parte leste, o que reflete aumento de dissipatividade da costa e de aporte sedimentar, relacionados com a deriva litorânea longitudinal nesse rumo. Os blowouts, por interromperem dunas frontais, servem como condutos para eventos de sobrelavagem. As feições eólicas com rumo de migração SW abrangem tanto blowouts e parabólicas isoladas, que retrabalham a parte distal dos leques de sobrelavagem da porção leste da barreira, quanto campos de dunas parabólicas com origem na margem sul da laguna de Araruama. Estes campos de dunas formam-se nos momentos de erosão da costa lagunar. O mais antigo deles, de idade entre 6,0 e 7,0 ka, é contemporâneo à máxima inundação lagunar e relaciona-se à erosão induzida pela transgressão, enquanto o mais jovem (1,5 ka), situado imediatamente a oeste, resulta da erosão da margem lagunar como decorrência de mudanças de circulação induzidas pelo crescimento de pontais. Além da evidente influência do aporte, a formação das dunas eólicas possui também controle climático: a ressurgência costeira, favorecida pelos ventos vindos de NE, determina o clima semiárido atual da região. As idades da geração mais nova de dunas formadas pelos ventos de NE e as de formação de calcretes (2400 cal anos AP) nos sedimentos lagunares permitem sugerir intensificação da ressurgência, com maior aridez do clima, no Holoceno tardio.