Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Guimarães, Maria Augusta de Mendonça |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-13032024-120359/
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Resumo: |
O manejo dos conflitos humano-fauna tem se modificado nas últimas décadas em direção à coexistência, que abrange não só as relações entre pessoas e fauna silvestre, mas também entre os grupos de pessoas envolvidos, considerando suas diferenças de interesses, valores e percepções. O objetivo desta pesquisa é analisar as percepções da comunidade de moradores locais e de conservacionistas sobre o conflito humano-fauna na Reserva Biológica (Rebio) Bom Jesus, inserida no Corredor Serra do Mar/Lagamar, no estado do Paraná, para averiguar quais fatores são determinantes para a aceitação dos mamíferos ameaçados na região (Tapirus terrestres, Tayassu pecari, Panthera onca), visando o manejo do conflito em direção à coexistência entre pessoas e as espécies-alvo. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas semi-estruturadas, em uma metodologia mista que possui tanto um caráter qualitativo como quantitativo. Foram entrevistados 20 conservacionistas que atuam ou já atuaram na região e 40 moradores da comunidade local. A análise dos dados quantitativos foi feita por meio de estatística descritiva. Para a análise dos dados qualitativos, a metodologia utilizada foi análise de conteúdo e, dentro desta modalidade, a técnica de análise categorial. Os resultados revelaram a presença de fortes conflitos entre os moradores e os conservacionistas, causados por falta de diálogo, desconhecimento sobre o papel dos órgãos de proteção ambiental e baixa participação dos moradores nos processos de tomada de decisão, relatados por ambos os grupos. Há uma divergência grande em relação à percepção sobre os riscos do ecossistema, com os conservacionistas buscando a proteção da flora e da fauna, enquanto os moradores, em geral, reivindicam atenção para as comunidades, alegando que o ecossistema está suficientemente protegido. A maioria dos conservacionistas considera que seria fundamental o envolvimento das comunidades para a eficácia de estratégias de conservação. Há diferenças no grau de aceitação entre as espécies, sendo que a anta é o animal que tem maior potencial para ser aceita na região, enquanto a onça-pintada tem maior índice de rejeição. Há situações conflitivas envolvendo as três espécies, principalmente por prejuízos causados em áreas de plantio e criação de animais domésticos. Particularmente em relação à onça-pintada, o medo de ataque a pessoas também desponta como um fator de conflito. Situações de risco envolvendo atividade de caça também foram relatadas, principalmente para a queixada e a anta. As soluções elencadas relacionam-se a um maior diálogo entre os moradores e os conservacionistas, para que possam ser feitas parcerias com o intuito de se planejar e executar ações conjuntamente. Sendo assim, os dados apontam para a importância de se realizar um trabalho envolvendo as comunidades locais, buscando uma conservação justa, que reconheça tanto as necessidades da natureza quanto das pessoas, para que o manejo dos conflitos humano-fauna rumo à coexistência possa ser mais efetivo. Os resultados serão utilizados pelo Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, que já está em andamento e tem como finalidade executar um monitoramento em larga escala das três espécies ameaçadas, com a finalidade de buscar estratégias de conservação. |