As estratégias de comunicação durante a realização de tarefas feitas em colaboração por aprendizes de línguas próximas: rumo ao plurilinguismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Ferroni, Roberta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8148/tde-11062013-103907/
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo estudar os fenômenos de contato entre línguas que surgem nas interações entre aprendizes de italiano como língua estrangeira (LE), cuja língua materna (L1) é o português-brasileiro, durante a realização em dupla de uma tarefa (task) escrita. Em especial, analisam-se as estratégias de compensação denominadas conscious transfer que incluem a inserção de regras e termos da L1 na L2, classificadas como estratégias utilizadas pelos falantes para fazerem frente a problemas de comunicação em LE. São elas: a troca de código, os estrangeirismos, a tradução literal e o transfer. Para garantir a naturalidade dos dados, decidimos levantá-los num contexto autêntico, ou seja, na aula de língua estrangeira. O corpus que compõe este estudo é formado por 15 horas de gravações, posteriormente transcritas, realizadas numa classe formada por seis aprendizes de nível B2, inscritos no programa do curso de graduação em Língua e Literatura Italiana de uma universidade do Estado de São Paulo. Para classificar e analisar as estratégias de comunicação presentes nas interações de aprendizes cuja L1 é próxima à LE, valemo-nos da taxonomia proposta por Dörnyei e Kormos (1998), que procura conciliar a perspectiva psicológica com a perspectiva sociointeracional. A abordagem adotada para a análise das sequências dialógicas situa-se num espaço de confluência de disciplinas como a etnografia, a análise da conversação e os estudos interacionistas. Da análise do corpus emerge que os aprendizes, para realizar uma tarefa, optaram pelo uso da língua alvo em lugar da L1. A existência de um controle menor por parte do professor aumentou a ocorrência das atividades de natureza metalinguística, porque estimulou os interactantes, na tentativa de serem entendidos, a melhorarem seu output por meio de um conjunto de auto e heterocorreções. Entretanto, o uso das estratégias denominadas conscious transfer não visa somente à superação de determinados obstáculos linguísticos. Com efeito, a interlíngua dos aprendizes observados é caracterizada por um espaço dinâmico, híbrido e em construção, um espaço disputado entre o exolinguismo, constituído por todas as estratégias que servem para compensar as lacunas linguísticas devidas à falta de recursos adequados para expressar-se em LE, e o bilinguismo, caracterizado seja por estratégias discursivas seja por estratégias eminentemente expressivas, realizadas por meio da L1 ou, por que não dizer, da L3 e L4, destinadas à obtenção de um tipo de efeitos e de funções comunicativas que a LE não possui. Portanto, seria oportuno falar mais de estratégias de comunicação plurilíngue do que de estratégias de compensação. À luz dos dados levantados, podemos afirmar que, mesmo quando o contexto poderia induzir os alunos a utilizarem com maior probabilidade a L1, não há razões que justifiquem o receio manifestado por professores e alunos, porque, dependendo do tipo de atividade realizada, é provável que seja iniciado um processo de negociação que, sem dúvida, levará ao enriquecimento e à construção da interlíngua.