Bebês com choro excessivo no início da vida: ocorrência e fatores associados na coorte de nascimentos MINA-Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Oliveira, Gabriela Martins de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-27052021-100556/
Resumo: Introdução: A etiologia do choro excessivo (CE) nas primeiras semanas de vida não foi ainda totalmente esclarecida, porém fatores como prematuridade, baixo peso ao nascer, cólica e microbiota intestinal do lactente, assim como tabagismo materno, transtornos de ansiedade e depressão, e deficiência de vitamina b12 na gestação têm sido associados ao CE. Objetivo: O presente estudo investigou a ocorrência de bebês com choro excessivo no início de vida e os fatores associados no estudo sobre saúde Materno-Infantil no Acre (MINA-Brasil). Metodologia: O presente trabalho analisou dados do estudo MINA-Brasil, uma coorte de nascimentos de base populacional conduzida na cidade de Cruzeiro do Sul, estado do Acre, Amazônia Ocidental Brasileira. Para a presente análise, foram considerados na linha de base os bebês nascidos entre julho de 2015 e junho de 2016 elegíveis para o seguimento em área urbana (n=1246). Ao nascimento, variáveis independentes sobre condições socioeconômicas, obstétricas e neonatais foram obtidas por entrevista presencial com as mães e com coleta de dados de prontuário. Após 30 a 45 dias do nascimento, foram realizadas entrevistas telefônicas com a mãe e/ou responsável pelo bebê para rastrear CE no primeiro mês de vida como variável dependente, com as seguintes perguntas: i.\"Seu bebê chora atualmente por muito tempo, sem nenhum motivo aparente ou por cólica\"? e ii. \"Esse choro já dura por pelo menos duas semanas?\". Aos 90-105 dias após o nascimento, essas mesmas perguntas foram realizadas novamente em segundo inquérito telefônico para identificar bebês que persistiam com CE no terceiro mês de vida. Dentre os bebês classificados com CE aos 30-45 dias de vida, verificou-se também bebês com choro prolongado (CP) (choro excessivo que persistiu aos 90-105 dias de vida). Razão de Prevalências (RP) e intervalos com 95% de confiança (IC 95%) foram estimados em modelos múltiplos de regressão de Poisson com variância robusta, adotando-se seleção hierárquica das variáveis independentes segundo modelo teórico de níveis de determinação. Todas as análises foram realizadas com auxílio do pacote estatístico STATA 14.0, com nível de significância 5%. Resultados: A ocorrência de CE foi de 13,0% [IC 95%: 10,9-15,3] e a de CP foi de 14,4% [IC 95%: 10,6-26,2]. Após ajuste múltiplo, os fatores associados ao CE foram: ter realizado menos de 6 consultas durante pré-natal (RP=1,47, [IC95%=1,04-2,07]), xeroftalmia gestacional (RP=1,76, [IC95% = 1,18-2,63]), maior perímetro cefálico e comprimento ao nascer em cm (RP=1,32 [IC95%= 1,14-1,52] e RP=1,24 [IC95%= 1,01-1,54], respectivamente), baixo apoio social materno durante o puerpério (RP=1,36, [IC95%=0,98-1,90]) e uso de mamadeira no primeiro mês de vida do bebê (RP=1,76, [IC95%= 1,23-2,50]). Por outro lado, maior peso ao nascer (em kg) foi inversamente associado ao risco para CE (RP=0,68, [IC95%=0,54-0,86]). Conclusão: Atenção inadequada durante o pré-natal, características antropométricas ao nascer, uso de mamadeira e baixo apoio social à mãe no puerpério foram associados ao risco para CE. O conhecimento dos fatores associados à ocorrência do CE poderá contribuir para rastreamento adequado e acompanhamento dessas crianças na atenção primária à saúde.