Fatores associados ao controle glicêmico e seu impacto em idosos com diabetes, dados do Estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santucci, Paula Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6141/tde-01032024-145602/
Resumo: O rápido envelhecimento populacional observado no Brasil marca a transição demográfica e epidemiológica devido à baixa mortalidade e à alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes mellitus tipo 2 (DM2). O DM2 é uma doença metabólica caracterizada por elevados níveis de açúcar no sangue e alta morbidade em idosos, associada ao risco cardiovascular. O controle dos níveis glicêmicos é essencial para prevenir complicações agudas e crônicas, evitando prejuízos à capacidade funcional, autonomia e qualidade de vida do indivíduo. As recomendações para o controle glicêmico no DM2 envolvem ações não farmacológicas, como mudanças no estilo de vida (dieta, perda de peso e atividade física regular), e terapia medicamentosa. Os idosos são os maiores consumidores de medicamentos no país, e a polifarmácia, combinada com as mudanças fisiológicas típicas do envelhecimento, torna essa parte da população mais suscetível a problemas relacionados aos medicamentos, que podem afetar o sucesso da terapêutica. Nos últimos anos, estudos em farmacogenômica, uma área que explora a variação interindividual da resposta a medicamentos, demonstraram a associação de variantes em genes com o metabolismo de medicamentos, evidenciando interações farmacogenéticas em diversas classes de antidiabéticos orais. Este estudo buscou compreender os diferentes fatores que influenciam o controle glicêmico em idosos com diabetes referida, residentes no município de São Paulo, participantes do Estudo Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE), no período de 2010 a 2015. Foram delineados três artigos que analisaram as características socioeconômicas, aspectos de saúde, estilo de vida e aqueles relacionados ao DM2, como manejo da hiperglicemia e a variabilidade genética na resposta a medicamentos e o controle glicêmico, e seu impacto no desenvolvimento de complicações decorrentes do DM2. O artigo 1 descreve os perfis farmacoepidemiológico e farmacogenético dos idosos. O segundo artigo avalia os fatores associados ao controle glicêmico inadequado, enquanto o artigo 3 estima o risco de desenvolvimento de complicações em 5 anos. A metformina, antidiabético oral da classe das biguanidas e primeira escolha para o tratamento do DM2, foi o medicamento mais utilizado pelos idosos da amostra (61,3%), em monoterapia (35,2%), em mais da metade das associações de 2 AD e em todos os esquemas com 3 AD. Das variantes genéticas associadas à eficácia do tratamento com metformina estudadas, portadores do genótipo TT da variante rs2252281 (SLC47A1) apresentaram maior chance de controle glicêmico inadequado (OR = 4,19 IC 1,22; 14,36). Esse fenômeno foi observado em 32,1% dos idosos e estava associado à utilização de dois ou três antidiabéticos (OR = 2,89 IC 95% 1,47; 5,67), ao tempo de duração do DM2 (OR = 1,46 IC 95% 0,68; 3,12) e à presença de doença cardíaca (OR = 2,02 IC 95% 1,02; 4,01). Problemas nos olhos (RR= 2,13 IC 95% 1,24; 3,66), retinopatia diabética (RR = 3,18 IC 95% 1,05; 9,61) e episódios agudos de hipoglicemia (RR = 2,28 IC 95% 1,49; 3,49) e hiperglicemia (RR = 2,78 IC 95% 1,65; 4,68) tiveram risco aumentado em idosos com controle glicêmico inadequado. Estes resultados reforçam a necessidade de uma abordagem abrangente e individualizada para o manejo da hiperglicemia nos idosos. O controle glicêmico nesta parcela da população é desafiador, e suas implicações no desenvolvimento de complicações do DM2 destacam a importância de manter os níveis de glicose no sangue dentro de faixas saudáveis. A pactuação de metas glicêmicas menos rígidas pode evitar situações adversas, como a hipoglicemia, e a adoção de esquemas terapêuticos menos complexos pode contribuir significativamente para melhora na adesão.