Competição, predação e variação temporal de microcrustáceos planctônicos no Lago Monte Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Ferreira, Tânia Cristina dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59139/tde-07082013-093334/
Resumo: Tema importante no estudo da ecologia, a competição inter-específica é a demanda ativa por indivíduos de duas ou mais espécies de mesmo nível trófico por um recurso comum que é potencialmente limitante. Esse estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de competição entre espécies de microcrustáceos cladóceros e seu papel na estruturação da comunidade zooplanctônica. Este elo é o que faltava para completar o modelo conceitual sobre interações no Lago Monte Alegre. Foram selecionadas duas espécies de microcrustáceos cladóceros coexistentes e abundantes no lago, Ceriodaphnia richardi e Daphnia gessneri. Dois experimentos de competição foram realizados, sendo utilizadas concentrações diferentes de alimento (0,70 mgC.L-1, 0,25 mgC.L-1 da clorofícea cultivada, Scenedesmus spinosus) para alimentar os cladóceros. Os tratamentos foram (3 réplicas cada): a. controle com Ceriodaphnia richardi em frascos individuais; b. controle com Daphnia gessneri em frascos individuais; c. duas espécies colocadas no mesmo frasco. Todos os experimentos foram conduzidos sob temperatura controlada de 23ºC, que representa a temperatura média anual no lago. A taxa de crescimento (r) por dia foi calculada pela equação exponencial: r = (ln Nt - ln No)/t, onde No e Nt são as densidades inicial e final, respectivamente, e t é o tempo em dias. A maior concentração de alimento favoreceu o crescimento populacional das duas populações estudadas. C. richardi não teve seu crescimento influenciado pela presença de D. gessneri, superando-a em termos de densidade e taxas de crescimento. Já D. gessneri teve sua taxa de crescimento populacional influenciado pela presença de C. richardi, na menor concentração de alimento. Para melhor compreender as razões da superioridade competitiva de C. richardi e o papel da predação com relação a essa espécie, foram feitos experimentos adicionais. Um deles testou a hipótese de que essa espécie pode alimentar-se de outros recursos além de algas, com os tratamentos (3 réplicas): a. água filtrada do lago e b. água filtrada, com adição da alga S. spinosus. Os resultados deram suporte à hipótese. O experimento de predação, com 5 cladóceros e 2 larvas IV de Chaoborus por réplica, mostrou que essa espécie é predada por elas. Flutuações das populações de microcrustáceos zooplanctônicos e dos predadores invertebrados (larvas de Chaoborus brasiliensis e o ácaro aquático Krendowskia sp.) foram acompanhadas semanalmente no lago, durante um ano, entre maio de 2011 e abril de 2012, bem como fatores físicos, químicos e biológicos, como temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, pH, transparência na coluna dágua e clorofila-a, na tentativa de estabelecer conexão entre os resultados de laboratório e campo. Os resultados mostraram que um período de estratificação térmica mais nítida ocorreu no lago entre outubro e abril (estação quente-chuvosa), sendo mais acentuada a partir de dezembro, enquanto circulação freqüente da coluna dágua foi registrada nos meses mais frios do ano, de maio a setembro (estação fria-seca). A distribuição vertical de outras variáveis ambientais mostrou relação com o padrão de circulação do lago, refletindo na dinâmica populacional das populações zooplanctônicas. Cladóceros foram mais abundantes na estação fria-seca, enquanto copépodos aumentaram no início da estação quente-chuvosa. Porém, ambos os grupos apresentaram as menores densidades entre os meses de fevereiro e abril de 2012. O aumento das larvas de caoborídeos e dos ácaros aquáticos na estação quente-chuvosa parece ser a principal causa do declínio de cladóceros neste período, devido à predação. Já o alimento e temperatura parecem ter maior influência sobre as populações na estação fria-seca. Além da predação, temperatura e alimento, os resultados de competição inter-específica também mostraram ser esse um dos fatores potencialmente controladores da dinâmica populacional do zooplâncton no Lago Monte Alegre, particularmente no período frio, quando o alimento é mais escasso.