A imprensa como fonte de pesquisa e representação em O tempo e o vento, de Erico Verissimo: técnica de narrativa e implicações estéticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Alves, Márcio Miranda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-17122013-122607/
Resumo: Esse estudo analisa as relações entre ficção e imprensa no romance O tempo e o vento, de Erico Verissimo (1905-1975). Como fonte de pesquisa e representação literária, os jornais, revistas e almanaques são documentos que auxiliam o escritor em seu projeto de narrar alguns dos principais eventos da História nos séculos XIX e XX. Estes acontecimentos históricos são recuperados através da transposição direta de textos jornalísticos, exatamente na forma como foram publicados originalmente, ou através da pesquisa em outras fontes, mas informados pelo narrador como se sua origem fosse de fato a imprensa. Esta característica da obra literária revela uma busca constante pelo equilíbrio entre fato e ficção, no qual o efeito de verdade do romance cresce à medida que a narrativa se configura com referências concretas do jornalismo. Além disso, as conexões entre fábula romanesca e imprensa mostram-se presentes também na participação dos jornais fictícios e dos personagens-jornalistas, elementos que fortalecem a imagem dos jornais e revistas enquanto agentes que contribuem para certos direcionamentos da História. Esta pesquisa visa analisar a representação da História que se realiza a partir de recortes da imprensa, bem como a representação da própria imprensa, com o objetivo de entender o processo de criação literária do escritor e o resultado estético decorrente do uso da fonte jornalística como matéria-prima para a ficção. A metodologia de pesquisa consiste em localizar estas referências na ficção e compará-las com o conteúdo das notícias, reportagens e anúncios publicados na imprensa, observando o método de edição e o processo de incorporação da fonte à narrativa. A instigação divide-se em quatro temas históricos principais, transformados em capítulos, que são as revoluções, a política, a literatura e a imigração. Os subcapítulos constituem-se em breves introduções do acontecimento histórico e a percepção destes pela imprensa, precedidos por outros que são voltados para a análise crítica do corpus. É possível concluir deste estudo comparativo que o projeto ficcional do escritor, em seu eixo histórico central, sustenta-se em grande medida com as informações coletadas em edições antigas de jornais, revistas e almanaques, as quais têm a função de legitimar a ficção a garantir maior verossimilhança. A preferência do escritor pela fonte primária revela uma técnica de narrativa peculiar, certamente pioneira na literatura brasileira, que tem implicações diretas na estrutura e no estilo do romance.