Sob o jugo da musa: profissionalização e distinção entre os produtores e gestores culturais no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Amaral, Rodrigo Correia do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
ACM
MCA
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-19022020-174708/
Resumo: Nas últimas duas décadas o Brasil registrou uma expansão inédita nos cursos voltados à formação de produtores e gestores culturais, bem como o surgimento de um debate sistemático acerca desses agentes. Universidades, órgãos da burocracia cultural e institutos privados se enveredaram em conceituações sobre esse grupo, cuja polissemia a seu respeito se replica em diversos países. Ao mesmo tempo em que cooperam entre si, essas instituições também disputam a normatização deste agente, tendo em vista a conquista de proeminência sobre as políticas públicas para o setor. Com isso, fica obscurecida a compreensão sobre o que são os produtores e gestores culturais enquanto grupo social, quais são as condições para o seu ingresso no mercado de bens culturais, e como esses se associam e distinguem entre si. Esta tese busca traçar um perfil dos produtores e gestores culturais do Brasil a partir da observação das relações estabelecidas entre os meios de ingresso na área, as opiniões dos agentes sobre o exercício da atividade, as suas práticas culturais, as suas preferências quanto ao papel do Estado e seus históricos educacionais, pessoais e familiares. Para isso, a pesquisa realizou um survey que contou com 540 participações e realizou uma Análise de Correspondência Múltipla a partir dos dados reunidos. Iluminando um elemento distintivo ignorado pelas discussões correntes, os resultados revelam que as posições ocupadas pelos agentes dentro do espaço social da produção e gestão cultural variam em razão das suas práticas culturais. Quanto mais intensamente dedicados ao consumo de práticas legitimadas, maior é a correlação com a ocupação de posições de melhor remuneração, em cargos de direção/ propriedade, e melhor desempenho na mobilização de recursos públicos para os projetos culturais nos quais atuam, mesmo nos casos em que o participante não possui cursos de especialização. Com isso, a análise sociológica deste grupo social revela uma dinâmica de agregação e repulsão menos orientada pela ética do produtor/ gestor cultural proposta pelos grupos envolvidos no seu debate, e mais afeita às distinções pelo gosto, observáveis em outros contextos. A tese conclui que o debate sobre a formação profissional desses agentes subestima o papel desempenhado por outras dimensões da vida social, como as distinções operadas a partir do gosto, que terminam por excluir os aspirantes de menor capital cultural e social deste mercado.