Quilombos nas bordas do ouro: conflitos entre negros e agentes lusitanos pelo domínio do Campo Grande no século XVIII

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Freire, Karen Pessoa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-29042021-095355/
Resumo: A zona que era conhecida como sertão do Campo Grande abrange áreas junto às nascentes dos rios São Francisco e Paranaíba e parte do rio Grande (nomes atuais), na fronteira entre as capitanias de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, tendo sido palco de conflitos entre quilombolas e agentes da coroa portuguesa no século XVIII. Esta pesquisa busca compreender as características dos quilombos que povoavam tais paragens e procura, também, avaliar o processo de conquista das mesmas pelos súditos lusitanos, que buscavam novas terras para colonização e exploração de recursos naturais. Para isso analisamos registros de campanhas militares, organizadas pelo Estado português em meados daquele século, que apresentam mapas das regiões exploradas. Viabilizando a leitura espacial unificada desses mapas históricos, o trabalho transpõe a localização dos quilombos e outros dados deles extraídos para a cartografia atual. O exame dos documentos produzidos nos momentos de conflito entre quilombolas e luso-americanos nos revelam os critérios e estratégias de estabelecimento de povoamentos desses grupos, antagônicos em suas organizações sociopolíticas e culturais, que se rivalizaram pelo domínio desse planalto fértil e abundantemente irrigado. A partir das fontes primárias analisadas, constatamos que os quilombos do Campo Grande contavam com roças, pilões e manufaturas, possuíam diversificadas organizações sociopolíticas e estavam interligados uns aos outros, constituindo uma rede quilombola. Com arranjos político-sociais próprios, tais povoados eram combatidos pelos luso-americanos, que organizavam tropas armadas para eliminar esses inimigos da coroa portuguesa. Tais áreas foram apropriadas pelo Estado lusitano através da implantação de estradas, ranchos para descanso e abastecimento de tropas, fazendas e povoados destinados aos súditos da coroa Bragança sobre os quilombos que destruíam. Dessa maneira, tais quilombos podem ser compreendidos com precursores da malha territorial de parte da região que atualmente integra o \"triângulo mineiro\".