Estudo de populações de aves silvestres da região do Salto Piraí e uma proposta de conservação para a Estação Ecológica do Bracinho, Joinville - SC.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1996
Autor(a) principal: Machado, Denize Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11142/tde-20231122-100312/
Resumo: No presente trabalho o principal objetivo foi realizar um estudo detalhado das populações de aves silvestres da região do Salto Piraí e, a partir da análise ambiental da área, elaborou-se uma proposta de conservação para a Estação Ecológica do Bracinho. Essa Unidade de Conservação está inserida na Floresta Atlântica das encostas da Serra do Mar de Santa Catarina e localiza-se a nordeste deste Estado, estando sob a administração das Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. - CELESC desde 1964. A região do Salto Piraí, situada no município de Joinville, possui uma área de 1.331,94 ha representando 29 % da área total dessa Unidade de Conservação. Três métodos de levantamento da avifauna foram adotados, sendo apresentada uma análise da sua eficiência amostral. A observação direta foi usada como método de levantamento qualitativo, enquanto captura-marcação e recaptura e amostragem por pontos (Índice Pontual de Abundância - IPA) representaram os métodos de levantamentos quantitativos. Identificaram-se através da observação direta 131 espécies de aves, 102 pela amostragem por pontos e 33 decorrentes da captura-marcação e recaptura. Um novo registro de aves foi obtido para o estado de Santa Catarina: maria-da-serra-de-garganta-vermelha Knipolegus nigerrimus (Tyrannidae). Outros importantes registros de aves foram assinalados, pois são espécies bioindicadoras da qualidade do meio ambiente e constam na lista de animais ameaçados de extinção, como macuco Tinamus solitarius, gavião-pomba Leucopternis lacernulata e sabiá-cica Triclaria malachitacea. A presença do tiranídeo sebinho-peito-camurça Hemitriccus kaempferi, espécie endêmica da área de estudo, não foi observada, apesar das 1.303,33 horas de observação. Através do levantamento fitossociológico foi possível organizar a floresta estudada em estrato superior, médio e herbáceo e mais o espaço aéreo, determinando a ocupação espacial para cada espécie de ave registrada pelo IPA. Quanto às guildas, foram consideradas 6 principais: saprófitas, insetocarnívoras, frugi-insetívoras, néctar-insetívoras, frugívoras e insetívoras. A guilda com maior número de espécies (40) e de contatos (368) foi a frugi-insetívoras de sub-bosque. A complexidade estrutural da vegetação tropical em proporcionar guildas extras e, assim, favorecer a diversidade de aves pode ser expressa por mais uma guilda constatada no Salto Piraí: a guilda de pássaros seguidores de formigas-de-correição. A formiga-de-correição Eciton burchelli é uma das principais espécies existentes na região neotropical. O Índice de Diversidade de Shannon-Weaver (H’) e o Índice de Equidistribuição (E) obtidos foram de 4,08 e 88,23 % respectivamente, considerando-se um resultado expressivo e representando a riqueza específica encontrada na área de estudo. A Floresta Atlântica apresenta uma biodiversidade expressiva, atribuída ao alto grau de endemismo de sua flora e fauna. A exemplo disso, na região do Salto Piraí foram registradas 9, 1% de espécies exclusivas para esse ecossistema. O número de espécies endêmicas aumenta com os dois centros de endemismos que influenciam a área de estudo: o da Serra do Mar com 12,8 % e o do Paraná com 34,3 % espécies endêmicas. Como subsídio para o manejo e monitoramento desta Unidade de Conservação foi realizada uma análise ambiental, que compreendeu desde levantamentos da avifauna, da flora, até os impactos ambientais oriundos da construção da Usina Piraí. Para cada problema ambiental detectado foi apontada uma sugestão que possa corrigir e evitar novos impactos. Enquanto a avifauna foi intensamente pesquisada, identificando-se 134 espécies, a flora nativa foi representada por apenas 92 taxa; acredita-se serem necessárias pesquisas mais aprofundadas para expressar a real diversidade florística da Floresta Tropical Atlântica. Através do zoneamento da região do Salto Piraí foram identificadas as zonas: intangível, primitiva, de uso extensivo, de recuperação, de interferência experimental e a de uso especial. O macrozoneamento da vegetação permitiu localizar algumas destas zonas. Aspectos emergenciais, como a rede de drenagem com canaletas de madeira e o replantio de espécies nativas nas laterais, deverão ser implantados, a fim de conter a erosão nos pontos críticos ao longo do caminho de acesso às barragens. O potencial ecológico detectado na região do Salto Piraí pode ser estendido às demais áreas da Estação Ecológica do Bracinho, permitindo sugerir a criação de um Centro de Pesquisa da Vida Silvestre, que poderia ser alocado na própria área da Usina Piraí, pois esta apresenta uma infra-estrutura capaz de sediar um centro desse porte.