Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Rangel, Carolline Mara Veloso |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-26072024-143104/
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Resumo: |
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico complexo que visa repor um órgão ou um tecido a partir de um doador vivo ou falecido. A realização deste procedimento envolve uma preparação médica e psíquica para a inscrição em uma lista de transplante. Esta lista de espera obedece a critérios clínicos específicos para cada órgão. Além dos aspectos clínicos, condições psicológicas para a realização de um transplante passaram a ser globalmente valorizadas. Embora não haja uma forma universal de se realizar esta avaliação, diversos países têm adotado o Stanford Integrated Psychosocial Assessment for Transplantation (SIPAT) para esta etapa. Esta ferramenta, desenvolvida por pesquisadores americanos das áreas de saúde mental e transplante, visa avaliar aspectos psicossociais do paciente nesse processo. O objetivo do presente estudo foi realizar a tradução, a adaptação transcultural e a validação do SIPAT em pacientes em fase pré-transplante para uso no Brasil. A metodologia utilizada seguiu as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para tradução e adaptação de instrumentos (World Health Organization\'s Guidelines) e compreendeu duas etapas: (I) tradução e ajuste cultural (II) validação para uso em outro ambiente que não o original. A fase I compreendeu os seguintes passos: a) Tradução Inicial; b) Comitê de Especialistas; c) Retrotradução; d) Pré-teste e e) Versão final. Obteve-se uma versão brasileira do SIPAT. A fase II consistiu na validação do instrumento, que visou testar a consistência interna da ferramenta, bem como a confiabilidade entre especialistas da saúde mental que atuam na área de transplantes. Para isso, seis especialistas responderam ao instrumento SIPAT com base nas entrevistas audiogravadas. Participaram do estudo 10 pacientes candidatos a um transplante renal em acompanhamento no ambulatório pré-transplante do HCRP da USP-RP. As entrevistas audiogravadas foram escutadas pelos seis especialistas, que pontuaram o instrumento, gerando um banco de resultados. Os dados foram submetidos à análise estatística. Os resultados da Fase I - Tradução e adaptação do instrumento apontam a obtenção de uma versão traduzida com consenso entre o comitê de especialistas e avaliação dos pares de diferentes regiões do país (Sudeste, Centro Oeste e Nordeste) e que poderá ser utilizada no Brasil. Os resultados da Fase II - Validação, apontaram um Alpha de Cronbach de 0,75, sendo este valor semelhante ao encontrado pela versão tailandesa do instrumento; e ligeiramente abaixo do valor encontrado na versão espanhola, indicando uma consistência interna aceitável. Para testar a confiabilidade entre avaliadores, utilizou-se três técnicas. Pelo método das Distâncias Euclidianas, notou-se que cinco dos seis avaliadores tendem a concordar, e apenas o avaliador 4, especialista com menos tempo de experiência na área, avaliou de forma mais distante dos demais. O segundo teste, Kappa de Cohen, apontou similaridade entre as respostas e boa concordância entre os avaliadores, à exceção do avaliador menos experiente, que tende a se distanciar dos demais, apresentando maior rigor. No terceiro método, utilizou-se a correlação entre avaliadores de Spearman. Notou-se que o avaliador padrão-ouro no instrumento teve grande correlação com os demais, à exceção do avaliador 4, o menos experiente. A análise denota a importância do treinamento dos profissionais de saúde mental para a aplicação do instrumento. A versão brasileira do SIPAT possibilita a avaliação pré-transplante para uso no sistema público de transplantes do país e se configura como uma ponte com a equipe transplantadora. Para além de avaliar os riscos psicossociais, oferece ao paciente um espaço de abertura para questões acerca do transplante, de interrogações acerca do desejo pelo procedimento e de do empenho do próprio corpo; em um evento que se configura como radical experiência com o Outro para a manutenção de seu laço com a vida. |