Estimativa de ingestão de aditivos alimentares com potencial cancerígeno pela população brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cavassani, Claudia Simone
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-19112020-180438/
Resumo: Este estudo apresenta como tema principal a estimativa da ingestão de cinco aditivos alimentares (corante caramelo IV, aspartame, ciclamato, nitrato e nitrito de sódio) com potencial cancerígeno, contidos na alimentação da população brasileira, conforme as variáveis selecionadas. Para o cálculo da exposição, foram utilizados os dados de consumo per capita de alimentos das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009 e 2017-2018. Integram as análises os alimentos que contém os aditivos de interesse. Estima-se a ingestão considerando o uso máximo dos aditivos previsto por lei, obtendo-se o valor (médio) diário. Identifica-se a distribuição da população segundo os critérios: consumo nulo, em conformidade com o preconizado e a ocorrência de superação da Ingestão Diária Aceitável (IDA). Os resultados apresentados correspondem à amostra populacional total das duas pesquisas de orçamentos familiares e descrevem a ingestão (estimada) dos aditivos de acordo com as variáveis: sexo, situação de domicílio, região, estratos de idade, cor da pele autodeclarada e etnia, estratos de rendimentos per capita. Quando se considera a POF- 2007-2008, no tocante ao caramelo IV, chamam atenção os valores obtidos para homens (5.240 mg; dp= 310,27), indivíduos com faixa etária entre 19 e 30 anos (4.620 mg; dp= 373,14) e pessoas com cor da pele preta (4.900 mg; dp= 1.233,35). Quanto aos valores relativos ao aspartame, destacam-se aqueles relacionados às variáveis \"mulher\" (20 mg; dp= 0,98), \"faixa etária de 14 a 18 anos\" (19,92 mg; dp= 2,20) e \"cor da pele amarela\" (21 mg; dp= 10,40). Em relação ao ciclamato, sobressaem-se os dados relacionados à variável \"cor da pele amarela\" (12 mg; dp= 9,40). Sobre nitrato e nitrito, as estimativas para o sexo masculino (11 mg; dp= 0,41 para nitrato e 11 mg; dp= 0,32 para nitrito) e faixa etária (10 a 13 anos) mais jovem (12 mg de nitrato; dp= 0,69 e 15 mg; dp= 0,81 de nitrito) devem ser examinadas com prudência. Ressalta-se a proporção de pessoas cujo consumo estimado foi superior ao limite determinado por lei, sobretudo nitrito (34,37%= 55,17 milhões de pessoas) e caramelo IV (8,05%= 12,92 milhões de indivíduos). Ao considerar a proporção de pessoas com ingestão estimada até o máximo estabelecido, o nitrato (40,54%= 65,07 milhões de pessoas) destaca-se e, na sequência, o aspartame (29,84%= 47,90 milhões de brasileiros). No caso da POF 2017-2018, especificamente para o corante caramelo IV, chamam a atenção os resultados obtidos para os homens (5.296,88 mg; dp= 244,72) e pessoas com idade entre 19 e 30 anos (5.177,76 mg; dp= 403,38). Para o aspartame e o ciclamato, destaque para o grupamento com rendimentos familiares pelo menos igual a R$ 10.000,00 (25,21 mg; dp= 6,50 e 22,10 mg; dp= 6,57, respectivamente). Em relação ao nitrito e nitrato, foram obtidas para os homens (12,93 mg de nitrato; dp= 0,38 e 10,27 mg; dp= 0,25 de nitrito) e os indivíduos da faixa etária entre 10 e 13 anos (16,60 mg de nitrato; dp= 0,96 e 18,31 mg; dp= 0,89 de nitrito), as maiores quantidades de ingestão (média). Nota-se a proporção de indivíduos cujo consumo estimado foi maior do que o limite recomendado, em especial nitrito (32,07%= 57,69 milhões de pessoas) e corante caramelo IV (7,48%= 13,46 milhões de indivíduos). Sobre a proporção de pessoas com ingestão estimada até o máximo estabelecido, o nitrato (36,29%= 65,29 milhões de pessoas) e o nitrito (4,39%= 7,90 milhões de brasileiros) estão em evidência. São resultados preocupantes diante da quantidade de pessoas envolvidas e que estão sendo, potencialmente, prejudicadas com a exposição, possivelmente rotineira. Os riscos não são apenas individuais, visto que existe a abrangência coletiva, interferindo acentuadamente nos custos sociais, em casos de adoecimentos associados ao desenvolvimento de enfermidades, como por exemplo, o câncer. Por outro lado, os aditivos são recursos reconhecidamente importantes para os processos tecnológicos industriais. Tendo em vista o crescimento da necessidade da promoção da saúde, é esperado pela sociedade que a indústria alimentícia intensifique a fabricação de alimentos pouco processados, nutritivos e saborosos, com preços acessíveis. Deste modo, ambos os lados serão favorecidos ao buscarem alternativas de equilíbrio para reduzir os impactos negativos causados pela utilização e ingestão excessivas de aditivos alimentares classificados como não saudáveis. As discussões, baseadas em evidências científicas, sobre a temática, também servem como alerta para que o poder público reconheça os potenciais riscos da exposição a esses aditivos e atuem para preveni-los.