Anticapacitismo e participação política de pessoas com deficiência intelectual: dimensão educativa de movimentos de autodefensoria

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Luciana Stoppa dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-09122021-101242/
Resumo: Esta pesquisa investiga a dimensão educativa da participação de pessoas com deficiência em movimentos sociais brasileiros de autodefensoria de pessoas com deficiência intelectual. Como objetivos específicos, estabelecemos: a) mapear movimentos sociais de pessoas com deficiência no Brasil que tenham, entre seus/suas integrantes, pessoas com deficiência intelectual, atuantes na defesa da educação inclusiva; b) recolher narrativas de pessoas com deficiência intelectual sobre suas experiências em movimentos de autodefensoria; c) contribuir para o desenvolvimento de métodos de pesquisa em ciências humanas aplicáveis a contextos envolvendo pessoas com deficiência intelectual, com base no modelo social da deficiência, cuja centralidade está na identificação das barreiras e na produção de acessibilidade, sem prejuízo dos conteúdos e da complexidade da discussão. Conceitualmente, apoiamo-nos nas discussões de Gramsci sobre princípio educativo; na compreensão do sentido de participação social e política dos movimentos sociais; e nas contribuições do campo de Estudos da Deficiência (Disability Studies). Foi conduzida uma investigação qualitativa, que contou com as seguintes etapas: a) mapeamento inicial dos movimentos sociais de pessoas com deficiência que se posicionaram publicamente em favor do direito à educação inclusiva, tendo participado de conferências de direitos; b) realização de grupos focais com três coletivos de autodefensoria de jovens com deficiência intelectual, discutindo diferentes dimensões do processo de participação. Ao longo de todo o processo de pesquisa, foram planejadas estratégias de acessibilidade, contando inclusive com o apoio de três interlocutores: uma pesquisadora com deficiência física, um estudante de pedagogia com síndrome de Down e uma mulher com deficiência visual, que tem desenvolvido recursos de acessibilidade para sua filha com deficiência. Com base nos grupos focais, compreendemos: a dimensão coletiva dos aprendizados; a significativa presença das instituições de atendimento às pessoas com deficiência intelectual na organização política desse segmento populacional; e a indissociabilidade entre aprendizados e experiências vivenciadas de forma encarnada no corpo com deficiência (experiência calcada na deficiência corporificada, e não apesar dela). Sobre a produção de acessibilidade, reconhecemos que a dimensão temporal, a produção e o registro de coletivos de memórias e a comunicação multimodal foram aspectos fundamentais. Quanto à dimensão educativa dos movimentos de autodefensoria, cabe ressaltar seu caráter potencial ainda pouco explorado de produção de outros modos de participação política, dada sua abertura para a discussão sobre capacitismo e anticapacitismo e sua disposição em criar recursos de acessibilidade. Por fim, enfatizamos a importância de compreender como a participação política em movimentos sociais constitui possibilidades de aquisição de uma consciência coletiva sobre o direito à decisão e sobre a organização política como alternativa contra-hegemônica e anticapacitista.