Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Benevides, Aline de Lima |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-31012023-180157/
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Resumo: |
Esta pesquisa visa à apresentação de uma nova proposta para o acento primário em Português Brasileiro, a partir de estudos experimentais com pseudopalavras. Defendemos e demonstramos que múltiplos fatores influenciam a atribuição do acento. Especificamente, argumentamos que padrões segmentais, silábicos e morfológicos interagem e se associam a padrões acentuais na atribuição do acento lexical em pseudopalavras. Para tanto, baseamo-nos nos resultados de dois estudos experimentais que avaliaram o papel da similaridade fonológica, de morfemas derivacionais sufixais, da sílaba final, da frequência de ocorrência de itens lexicais e da frequência de tipo de sequências fonológicas na determinação do local em que o acento incide. Esta pesquisa fundamenta-se em uma concepção de língua baseada no uso, a partir dos Modelos de Uso e de Exemplares (KEMMER; BARLOW, 1999; LANGACKER, 1999; 2008; 2013; BYBEE, 2001; 2006; 2010; PIERREHUMBERT, 2001). Inspiramo-nos, ainda, como ponto de partida, na proposição do Modelo de Dupla Via (RASTLE; COLTHEART, 2000; COLTHEART, 2005) de que há dois mecanismos de processamento de palavras, com o objetivo de propor que esses mecanismos se multiplicam em diferentes níveis. Dos fatores investigados, a sílaba final, a similaridade fonológica e os morfemas sufixais mostraram-se variáveis estatisticamente significativas. A frequência, seja a de ocorrência dos itens lexicais, seja a de tipo das sequências fonológicas, não se mostrou significativa isoladamente - resultado semelhante ao encontrado por Protopapas et al. (2006) para a língua grega. Entretanto, a frequência, em conjunto com os demais fatores, interage e contribui para a indicação da sílaba proeminente da palavra - resultado constatado através da significância da variável grupo experimental. A significância da similaridade fonológica traz indícios importantes de que os falantes acessam à organização segmental das palavras em seu léxico mental, associando vocábulos e fazendo analogias que se estendem ao nível acentual. Além disso, demonstra que pseudopalavras podem ser processadas pela via lexical se forem semelhantes a palavras reais, como propõe Protopapas et al. (2006). Constatamos, ainda, que fatores como a morfologia e as sequências fonológicas contribuem para a emergência de padrões acentuais em concorrência, já que os falantes replicam os mesmos padrões encontrados em suas gramáticas fonológicas. Defendemos, também, que a emergência do acento proparoxítono nos dados, que compõem uma amostra específica da língua portuguesa, traz evidências importantes de que há um padrão abstraído, categorizado e arraigado às representações linguísticas do falante. Tal fato constitui ainda uma evidência importante na defesa do acento antepenúltimo como um padrão genuíno da língua como os demais, como proposto por Cagliari (1999). Defendemos, portanto, que os falantes, por meio de abstrações e de generalizações, replicam os padrões fonológicos-acentuais presentes em suas gramáticas fonológicas em pseudopalavras (mecanismos semelhantes seriam empregados em novos vocábulos e em palavras estrangeiras), evidenciando que tecemos relações complexas e diversas a partir de múltiplos fatores que compõem as nossas representações linguísticas, o que leva também a diferentes mecanismos de processamento. |