À sombra dos velhos sobrados: o amor em decadência nos contos de Lygia Fagundes Telles

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Enabe, Cláudia Ayumi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-08032023-165733/
Resumo: Este trabalho delineia uma poética para a contística de Lygia Fagundes Telles por meio de uma leitura analítico-interpretativa de alguns contos que representam linhas de força em sua produção literária. Procura-se confirmar a hipótese de que a obra da autora se constitui por uma crise, a qual transforma profundamente a vida social e acomete a existência dos sujeitos. Estes são integrantes de uma realidade que se desfigurou, não conseguindo se situar no presente, nem compreender quais são os rumos do futuro. Diante desse \"desconcerto do mundo\", as criações lygianas encontram-se numa constante busca por referências capazes de substituir as fantasmagorias do passado - instituições, como o casamento, que perderam a contundência em um mundo de sentidos múltiplos. Uma aparente resolução para esse desterro temporal situa-se nas tramas enamoradas, mas uma disforia persistente nessa ficção comprova que o amor apenas aprofunda a incerteza existencial. Amar não parece um evento capaz de provocar a união entre os fragmentos da existência destroçada, pois acentua as disjunções. Como uma ilusão conciliadora perseguida pelas personagens de Lygia Fagundes Telles, o enamoramento parece corresponder a um importante mecanismo para a construção de seu mundo ficcional, ao iluminar os vários dilemas cultivados por esses indivíduos despidos de qualquer convicção. O amor seria uma forma de exercício de linguagem, empregada para narrar essa terra devastada, já que o enamorado é aquele que \"não para de correr dentro de sua própria cabeça, de empreender novos caminhos e de intrigar contra si mesmo\" (BARTHES, 2018, p. 15). Esta investigação pretende desvelar as formas pelas quais o discurso enamorado revela a decadência dessa paisagem fictícia, em uma chave de negatividade que se vincula intimamente à pesquisa sobre a reconfiguração da vida nas grandes urbes brasileiras a partir dos anos de 1940.