Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Carvalho, Adriana Lelis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-13082021-075634/
Resumo: O tecido adiposo é tipicamente um tecido versátil e heterogêneo tanto do ponto de vista estrutural quanto funcional, o seu papel fisiológico pode variar de acordo com a quantidade de lipídios armazenados e sua localização. O aumento do tecido adiposo da medula óssea (TAMO) ocorre em condições catabólicas associadas com a perda de massa óssea, tais como a anorexia nervosa e a terapia com glicocorticoide. Diferentemente, a obesidade está relacionada com massa óssea preservada ou aumentada, mas aparentemente não influencia o TAMO. O objetivo do trabalho foi avaliar a relação entre o tecido adiposo da região abdominal, o teor de lipídio intra-hepático (LIH) e do TAMO com a densidade mineral óssea (DMO) e a ocorrência de fratura no Diabetes Melito do tipo 1 (DM1) em insulinoterapia convencional ou submetido ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). O estudo é composto de três grupos pareados por idade, gênero, estatura e peso: Controle (13H/11M; 29±6 anos; 67,4±14, Kg; 1,68±0,08 m; 23,8±3,7 Kg/m2), DM1 (13H/10M; 32±13 anos; 72,3±10,6 Kg; 1,69±0,08 m; 25,3±3,4 Kg/m2,17±11 anos de duração do diabetes) e DM1-TCTH (5H/4M; 25±6 anos; 66,9±11 Kg; 1,72±0,11 m; 22,5±2,2 Kg/m2; 6 meses a 10 anos após TCTH). Foram realizadas dosagens bioquímicas, hormonais e dos marcadores ósseos e adipocinas. A DMO foi avaliada pela densitometria óssea em diversos sítios. O TAMO da vertebra L3 [gordura/ (gordura+água) %] foi avaliada por meio do método de espectroscopia (1-H) pela ressonância magnética. O tecido adiposo subcutâneo (TAS), o tecido adiposo visceral (TAV) e o LIH foram avaliados também por ressonância magnética. O controle glicêmico foi pior no grupo DM1 (HbA1c: Controle=5,3±0,3%; DM1=9,6±2,2%; DM1-TCTH=6,4±0,5%; p<0,0001) mesmo com uso de maior quantidade de insulina exógena (DM1: 0,80±0,2 UI/Kg de peso; DM1-TCTH: 0,27±0,3 UI/Kg de peso; p<0,0001). A maioria dos diabéticos em insulinoterapia convencional apresentou sobrepeso (57%), sendo que cerca de 1/3 tinha percentual de gordura corporal elevado. A DMO dos sítios ósseos avaliados foi semelhante entre os grupos (por ex., L1-L4: Controle=0,995±0,138 g/cm2; DM1=0,977±0,132 g/cm2; DM1-TCTH=0,971±0,115 g/cm2; p>0,05). A prevalência de indivíduos com massa óssea alterada (Z-score> -2,0 ou T-score> -1,0) foi de 12,5% (n=3) no grupo Controle, 26% (n=6) no grupo com DM1 em insulinoterapia convencional e 11% (n=1) no grupo DM1-TCTH. O TAS foi maior no diabético em tratamento convencional, mas o TAV, o LIH e o TAMO da vertebra L3 não diferiram entre os grupos (TAMO: Controle= 34,4±11,7 %; DM1= 34,2±8,5%; DM1-TCHT= 40,3±8,5%; p>0,05). Além disso, a fração saturada e insaturada do TAMO não foi diferente nos grupos de diabéticos tipo 1 (p>0,05). O TAS apresentou uma associação positiva com a DMO do colo do fêmur (+0,0000055 g/cm2; p=0,02). Por sua vez, o teor de LIH mostrou ter uma relação inversa com a DMO do quadril total e da coluna (-0,012 g/cm2; p=0,03), além de fatores como a idade e a glicemia que também apresentaram impacto negativo sobre tecido ósseo. Houve correlação entre o TAV e o LIH (r=0,40), porém não houve associação entre o LIH e o TAMO (+0,226%, p>0,05). O colesterol (+0,09%; p=0,002) se mostrou como um preditor importante do TAMO da vertebra L3. Ainda, a idade (+0,252%; p=0,0006) apresentou uma associação importante com a fração saturada do TAMO e o fato de ser do gênero masculino (-1,379%, p<0,0001) foi um preditor negativo da fração insaturada do TAMO. Além disso, o TAMO não apresentou associação significativa com a DMO da coluna lombar (-0,002 g/cm2; p=0,16). Assim, verificou-se que independentemente do tipo de tratamento clínico recebido, os indivíduos com DM1 apresentaram massa óssea preservada e não houve alteração do TAMO, o que pode estar relacionado com o estado nutricional destes indivíduos. Os diabéticos tipo 1 em insulinoterapia convencional apresentaram maior acúmulo de TAS comparado com os diabéticos tipo 1 submetidos ao TCTH o que pode ter relação com a presença de hiperinsulinemia periférica mais intensa. Por outro lado, não se observou aumento no TAV ou no teor de LIH entre os grupos estudados. O aumento do TAS mostrou ter uma relação positiva com a DMO enquanto que o TAV não apresentou nenhuma associação com a massa óssea. O TAMO não teve um impacto prejudicial para o tecido ósseo. Encontrou-se que o colesterol se mostrou como preditor mais importante para do aumento do TAMO e de sua fração saturada do que o controle glicêmico. Há necessidade de continuidade das investigações sobre o papel do estado nutricional neste contexto para melhor compreensão da inter-relação entre depósitos de tecido adiposo e massa óssea no DM1.