Representação e realidade na Crítica da Razão Pura de Kant e no Tractatus de Wittgenstein: um estudo comparativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Yokoyama, Fernando Sposito
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-16042019-152457/
Resumo: Os projetos filosóficos desenvolvidos por Wittgenstein, em seu Tractatus Logico- Philosophicus, e por Kant, em sua Crítica da Razão Pura, possuem uma estrutura e objetivos semelhantes. Ambos consistem em um ataque a determinadas pretensões da filosofia com base em uma investigação dos nossos meios de representação da realidade. Tais paralelos foram notados por alguns autores, que, por conseguinte, realizam uma aproximação entre as duas obras. A presente tese pretende aprofundar a discussão acerca da proximidade entre elas com base em um ponto que, segundo é do nosso conhecimento, ainda não foi suficientemente explorado. Partindo da ideia de que os dois projetos estão apoiados em suas respectivas teorias da representação e de que estas consistem em uma explicação da relação entre representação e realidade representada, realizaremos uma comparação acerca do modo como os dois filósofos concebem a natureza dessa relação. Mais especificamente, investigaremos se o Tractatus pode ser aproximado à Crítica também no que diz respeito à tese kantiana de que os objetos devem se conformar às condições necessárias dos meios de que dispomos para representá-los, tese esta que caracteriza a chamada Revolução Copernicana de Kant. Defenderemos que esse exame coincide com a consideração de um debate entre duas linhas interpretativas conflitantes presentes na literatura secundária do Tractatus, as quais denominaremos realista e antirrealista. Segundo a primeira, as teses tractarianas acerca das propriedades essenciais e necessárias da realidade dizem respeito a um domínio que deve ser concebido como, em algum sentido, independente da linguagem que o representa. Por outro lado, a segunda sustenta que tais propriedades essenciais e necessárias pertenceriam à realidade apenas na medida em que ela é representada pela linguagem, não sendo, portanto, independentes desta. Procuraremos mostrar que uma leitura antirrealista do Tractatus acaba por atribuir à obra uma concepção acerca da relação entre linguagem e realidade essencialmente análoga àquela que resulta dos princípios básicos da Revolução Copernicana de Kant, ao passo que, da perspectiva de uma leitura realista, o Tractatus seria completamente avesso a esses mesmos princípios básicos. A partir de um exame e de uma comparação entre as teorias kantiana e tractariana de representação, defenderemos uma leitura realista do Tractatus, e, por conseguinte, tentaremos mostrar que ele se afasta da Crítica no que diz respeito à sua Revolução Copernicana. Com isso, mais do que avaliar em que medida os projetos kantiano e tractariano podem efetivamente ser aproximados, esperamos mostrar que algumas das ideias e noções que são próprias da filosofia teórica de Kant podem ser utilizadas para iluminar certas questões levantadas no debate entre as leituras realista e antirrealista do Tractatus, sobretudo questões referentes à relação, desenvolvida no interior do sistema tractariano, entre forma lógica e ontologia.