Reserva cognitiva e síndrome de Down

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Sant Ana, Livea Carla Fidalgo Garcez
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-28112024-153703/
Resumo: INTRODUÇÃO: Atualmente, a expectativa de vida das pessoas com síndrome de Down excede a faixa de 60 anos, uma estimativa quase quatro vezes maior do que há cinco décadas. Em contrapartida, o envelhecimento prematuro, característico dessa população, ocorre em simultânea precocidade com o desenvolvimento de demência que é, na SD, considerada uma forma variante da doença de Alzheimer de início precoce, geneticamente determinada. A hipótese da reserva cognitiva tem sido empregada em estudos sobre o risco de demência na população geral para investigação de fatores protetivos contra o desenvolvimento de demência. Mais recentemente, também em indivíduos com deficiência intelectual (DI). Considerando a relevância deste campo, desenvolvemos o presente estudo exploratório. OBJETIVO: Identificar potenciais medidas indicativas de reserva cognitiva (proxies) a partir de aspectos educacionais, ocupacionais e sociais em uma população de adultos com SD. Pretende-se verificar possíveis associações entre esses proxies e o desfecho cognitivo, representado pela inferência ou pela constatação de declínio cognitivo ou demência. MÉTODO: Foram adotadas duas metodologias complementares: uma delas é representada por estudo retrospectivo observacional a partir de prontuários de pessoas com síndrome de Down (com idade 21 anos), recuperados de um acervo institucional de uma importante entidade que presta assistência a pessoas com DI na cidade de São Paulo (Instituto Jô Clemente, antiga APAE de São Paulo); a segunda abordagem inclui dados objetivos colhidos em corte transversal em uma casuística de conveniência composta por adultos com SD, também com idade igual ou superior a 21 anos), que realizam acompanhamento no Ambulatório de Envelhecimento e Síndrome de Down do LIM-27, no Instituto de Psiquiatria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (IPq-HCFMUSP). RESULTADOS: As variáveis idade e grau da DI mostraram-se associadas ao desfecho cognitivo (ou seja, em pessoas com maior idade quanto maior o grau de DI, maior a representação de indivíduos com declínio cognitivo ou demência). No estudo ambulatorial, observou-se correlação entre a preservação do estado cognitivo atual (i.e., indivíduos sem declínio cognitivo ou demência) e o engajamento prévio em atividades laborais. Este proxy da reserva cognitiva, por sua vez, se mostrou correlacionado ao fato de o indivíduo ter frequentado escola regular. Observamos também que o grau de escolaridade dos pais impactou positivamente na alfabetização dos filhos com SD, e a maior escolaridade materna associou-se ao início mais tardio do declínio cognitivo. Quanto às manifestações clínicas observadas na fase de transição demencial, os sintomas relacionados ao comprometimento da memória e às mudanças da personalidade foram os primeiros sinais identificados pelos informantes das pessoas com SD. Entre os domínios cognitivos medidos pelo CAMCOG-DS, prejuízos mais significativos em memória e atenção mostraram-se associados a menor idade dos sintomas de do declínio. CONCLUSÃO: Além da idade cronológica do indivíduo, que consiste em um fator de risco bem estabelecido para demência, tanto na população geral como na SD, o grau da DI mostrou-se associado ao declínio cognitivo na casuística avaliada objetivamente. Foram identificados outros parâmetros com potencial de exercer, direta ou indiretamente, efeitos sobre a construção da reserva cognitiva em pessoas com SD. Como exemplos, destacaram-se algumas medidas de proxy, tais como o engajamento prévio em atividades laborais e a escolarização em escola regular. Outros fatores como o grau de escolaridade dos genitores que, impactando no grau de alfabetização dos filhos trissômicos, também podem exercer impacto sobre a construção de reserva cognitiva e, consequentemente, sobre o risco de demência. Este estudo exploratório tem, naturalmente, limitações que impedem a generalização dos achados; contudo, estas observações reforçam a necessidade de explorações nesta área