Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
José, Ermelinda do Nascimento Salem |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-23102013-153833/
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Resumo: |
Esta pesquisa originou-se do encontro com o Povo Sateré-Mawé da Área Indígena do Marau e de um diálogo que iniciamos com os professores dessa etnia, que visitaram as pessoas internas no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (CPER), em Manaus/AM, junto às quais desenvolvemos um trabalho de extensão da Universidade Federal do Amazonas. Indagados sobre a loucura no contexto em que vivem, eles negaram sua existência. Decidimos registrar e ampliar, para outros Sateré-Mawé, o diálogo que havíamos iniciado com os professores. Tendo em vista os múltiplos sentidos com que a loucura é evocada na tradição cultural ocidental, definimos a mesma como a manifestação de experiências nomeadas, em um ponto de vista da prática clínica médico-psicológica, como alucinações, delírios, quadros de agitação psicomotora (muitas vezes acompanhados de atitudes agressivas sem um sentido aparente), e/ou outras, em que a pessoa parece ter perdido o contato com a realidade consensual - como se a sua mente estivesse sofrendo um mau funcionamento massivo. A definição proposta não foi atrelada à noção de doença ou anormalidade, mas delimitada à noção mais geral de sofrimento, infortúnio, aflição, mal-estar. Embora os professores Sateré- Mawé tenham negado a loucura em sua sociedade, no sentido com que a conheceram na visita aos internos no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, eles não afirmaram a inexistência de experiências cuja manifestação definimos como loucura. Delimitamos como objetivo geral compreender dialogicamente experiências Satere Mawe da loucura; e, como objetivos específicos, conhecer explicações, classificações e respostas Satere Mawe para essas experiências; e identificar implicações do atendimento em serviços de saúde mental da tradição biomédica. Para um diálogo intercultural optamos pelo caminho da hermenêutica diatópica, através do desenvolvimento de argumentações com indígenas Sateré-Mawé que exercem diferentes papéis sociais em suas aldeias. Os diálogos foram realizados em duas fases: uma preliminar, para o início da construção da zona de contato; e outra para ampliação dos topoi/argumentos das tradições culturais Ocidental e Sateré-Mawé; classificação e definição dos topoi/argumentos Sateré-Mawé; e observação e acompanhamento de casos. O diálogo desenvolvido informou-nos sobre diversas categorias Sateré-Mawé de mal-estar, dentre as quais destacaram-se mikyry\'iwo hap/judiação e mimoko\'i como as mais próximas de uma delimitação psíquica da experiência, postulada pela Psicologia. Além disso, possibilitounos observar que, nas fronteiras em que as práticas de saúde da tradição biomédica penetram o universo Sateré-Mawé, a ênfase colocada na utilização de remédios, para tratar o sofrimento mental, denuncia uma ausência na explicitação de outras circunstâncias que devem estar presentes no atendimento a pessoas que vivenciam esse tipo de problemática. |