Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição, composição nutricional, evolução e relação entre macronutrientes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Levy, Renata Bertazzi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6133/tde-20022020-142641/
Resumo: Objetivo: Descrever a distribuição, composição nutricional e evolução da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil e avaliar potenciais efeitos das calorias provenientes de açúcar sobre o consumo total de calorias e sobre o perfil de macronutrientes na dieta. Alcançaremos esse objetivo por meio da elaboração de três artigos. Métodos: Utilizaram-se dados sobre aquisição de alimentos coletados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, realizada entre junho de 2002 e julho de 2003 pelo IBGE em uma amostra probabilística de 48.470 domicílios do país. Para o estudo da evolução utilizaram-se dados coletados por POFs realizadas em 1974/75, 1986/87 e 1995/96 nas áreas metropolitanas do País. O padrão da disponibilidade domiciliar de alimentos foi descrito a partir da participação relativa de alimentos e macronutrientes segundo características sócio-demográficas dos domicílios. A influência da aquisição de açúcar sobre o consumo total de calorias e o perfil em macronutrientes da dieta foi estudada por meio de modelos de regressão linear múltipla. Resultados: Em todas as regiões e estratos de renda do País, a disponibilidade domiciliar de alimentos se mostrou adequada com relação ao teor protéico, com elevado aporte de proteína de origem animal, entretanto, insuficiente quanto à participação de frutas e hortaliças e excessiva no caso do açúcar. Nas regiões economicamente mais desenvolvidas e nos estratos de maior renda evidenciou-se participação excessiva de gorduras totais e gorduras saturadas. A evolução da participação de alimentos e macronutrientes na disponibilidade de alimentos nas áreas metropolitanas identificou declínio de alimentos básicos, elevação de alimentos processados, persistência de valores insuficientes para frutas e hortaliças e excessivos para açúcar e aumento do teor de gorduras totais e gorduras saturadas. Observou-se associação positiva e significativa entre aquisição de calorias provenientes de açúcar e valor calórico total da aquisição domiciliar de alimentos. Na condição de ausência de gasto com alimentação fora de casa, verificou-se que os níveis atuais de aquisição de açúcar determinam aquisição total de calorias que excedem as recomendações para ingestão calórica da população brasileira. Calorias adquiridas de açúcar aumentam significativamente a participação de gorduras na disponibilidade domiciliar de alimentos e diminuem, também significativamente, a participação de proteínas. Calorias de açúcar procedentes de alimentos processados aumentam significativamente a participação de gorduras e ácidos graxos saturados e diminuem, também significativamente, a participação de outros carboidratos que não o açúcar. Conclusões: Padrões e tendências da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil são consistentes com a importância crescente de doenças crônicas não transmissíveis no perfil de morbi-mortalidade e com o aumento contínuo da prevalência de obesidade no País. Os resultados encontrados, relativos à influência do açúcar sobre o valor calórico total e o perfil em macronutrientes da disponibilidade domiciliar de alimentos corroboram orientações brasileiras e internacionais que recomendam a redução do consumo deste alimento e estipulam limites máximos para sua participação na dieta.