Produção secundária da macrofauna bentônica da zona entremarés no segmento norte da praia do Una, litoral sul do estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Petracco, Marcelo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21131/tde-19062008-155746/
Resumo: Este estudo teve como objetivo estimar a produção secundária e a taxa de renovação (P/B) do gastrópode Hastula cinerea, do isópode Excirolana armata e dos decápodes Austinixa patogoniensis e Callichirus major na zona entremarés da praia do Una, situada na Estação Ecológica Juréia-Itatins, litoral sul do estado de São Paulo. Para essa finalidade, coletas mensais foram realizadas durante o período de dezembro/03 a novembro/05 em duas áreas, A (24°28,67’S e 47°07,36’W) e B (24°27,53’S e 47°05,86’W), no segmento norte da praia que apresenta estado morfodinâmico dissipativo. H. cinerea apresentou distribuição diferencial de acordo com o tamanho dos organismos entre as áreas, com predominância de indivíduos menores na área A, o que conduziu à maior abundância, produção (ca 0,18 g PSLC m-2 ano-1) e razão P/B nessa área. Baixas razões P/B dessa espécie (entre 0,8 e 1,3 ano-1) foram decorrentes de crescimento lento, ausência de indíviduos recém-recrutados na zona entremarés e falha no recrutamento no segundo ano de estudo. Essas baixas razões foram corroboradas pela alta expectativa de vida estimada para essa espécie (4,8 anos). As estimativas de produções de E. armata, restritas à área B, foram semelhantes entre machos e fêmeas, assim como entre os anos (ca 0,25 g PSLC m-2 ano-1). As P/B dos machos (entre 3,2 e 4,3 ano-1) foram superiores às das fêmeas (ca 3,1 ano-1), decorrentes dos menores comprimentos alcançados pelos machos. Altos valores de P/B de E. armata na praia do Una foram decorrentes de crescimento rápido que se refletiram em altas taxas de mortalidade (Z) e baixas expectativas de vida. Verificou-se uma correlação significativa e inversa entre a P/B e a expectativa de vida ao utilizar estimativas dos cirolanídeos E. armata e E. braziliensis obtidas em estudos de praias arenosas brasileiras. O caranguejo A. patagoniensis apresentou densidade média anual de 1 indivíduo.galeria-1 do talassinídeo C. major e de cerca de 6 indivíduos.m-2. Essas baixas densidades conduziram à reduzida biomassa e, conseqüentemente, a uma pequena produção, apesar das consideráveis taxas de renovação estimadas para esse braquiúro (ca 2,5 ano-1). C. major apresentou a maior produção (2,33 g PSLC m-2 ano-1) dentre as espécies estudadas. Ao considerar a ampla distribuição dessa espécie ao longo da face praial na área B (mais de 50 metros), na qual foi obtida a sua produção, a estimativa em faixa de metro linear (ca 130 g PSLC m-1 ano-1) foi a mais adequada para demonstrar a importância dessa espécie. A baixa razão P/B de C. major, 0,9 ano-1, indica reduzida capacidade de compensar sobrexploração, fato esse crítico para uma espécie freqüentemente extraída em praias brasileiras para utilização como isca. Ao analisar os métodos de produção da taxa de crescimento específica em peso (TCEP) e da freqüência de comprimento (FC), a partir de algumas estimativas de estudos de praias arenosas brasileiras e do presente estudo, verificou-se que esses tenderam a gerar estimativas similares. Os métodos empíricos analisados, entretanto, tenderam a sobreou subestimar acentuadamente as estimativas de produções, não fornecendo estimativas confiáveis. Com relação às interações tróficas, as razões isotópicas estáveis de carbono e nitrogênio dos consumidores na praia do Una evidenciaram que os hábitos alimentares das espécies/gêneros estão de acordo com os referidos na literatura, no geral, e que o ecossistema da praia do Una depende basicamente do material particulado em suspensão, apesar de indícios de que o microfitobentos também possa ter papel relevante na trama trófica dessa praia. As plantas das dunas, entretanto, aparentemente não contribuem como produtores primários nesse ecossistema.