Efeitos hemodinâmicos e metabólicos sistêmicos e regionais da intoxicação aguda por etanol, em modelo experimental de choque hemorrágico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Riêra, Luciano Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5152/tde-17102014-114738/
Resumo: O trauma é a maior causa de morte em todo o mundo. Apesar da notória associação entre intoxicação alcoólica e aumento do risco de traumatismos, ainda não existe consenso se esta intoxicação agravaria as lesões e se comprometeria a resposta ao tratamento. O objetivo deste estudo foi determinar os efeitos hemodinâmicos e metabólicos sistêmicos e regionais da intoxicação etílica aguda em um modelo experimental de choque hemorrágico controlado. Vinte e oito cães machos sem raça definida, anestesiados com isoflurano e mantidos sob ventilação mecânica, foram submetidos após procedimentos cirúrgicos de monitorização e esplenectomia a um período de estabilização de 30 min e randomizados em quatro grupos (SHAM n=7, CHOQUE n=7, ETANOL n=7, ETANOL+CHOQUE n=7). Os grupos ET e ET+CH receberam 2,4 g/kg de etanol I.V. em 30 minutos. Na seqüência, os grupos CH e ET+CH foram submetidos à hemorragia até à pressão arterial média de 40 mmHg, seguidos de 30 minutos de observação e tratamento com Ringer simples 3X o volume do sangramento. Os animais foram observados por mais 120 min., sem quaisquer outras intervenções. Resultados: Trinta minutos após a intoxicação nos grupos ET e ET+CH foram observados valores similares de etanol sérico. Após a hemorragia estes valores foram significativamente maiores no grupo ET+CH. O volume de sangramento necessário para atingir a pressão arterial média de 40 mmHg foi menor no grupo ET+CH (25,29 ± 1,19 ml/kg) que no grupo CH (32,67 ± 0,68 ml/kg), demonstrando claramente a maior intolerância à hemorragia após a intoxicação etílica. Com o tratamento, o grupo ET+CH restabeleceu de maneira parcial e insustentável a PAM, apresentando ao final do experimento média de 26,8 ± 2,4 mmHg. As dosagens de lactato arterial obtidas, após a reposição volêmica foram mais elevadas no grupo ET+CH que nos demais, chegando ao término do experimento com 8,06 ± 0,8 mmol/ L, enquanto 5,43 ± 1,0 mmol/L para o grupo CH. Nas fases de intoxicação, choque e tratamento não foram percebidas diferenças no índice cardíaco (IC) dos grupos CH e ET+CH, porém, após o tratamento o grupo ET+CH apresentou IC significativamente menor. O álcool elevou significativamente o FVP. Aos 150 min 43,0% do DC dos animais do grupo ET+CH encontravam-se na veia porta, ao passo que no grupo CH apenas 4,3% do DC destinavam-se àquele território. Apesar deste expressivo acréscimo no FVP, o Gradiente de pressão jejuno arterial (pCO2 gap) do grupo ET+CH manteve-se extremamente elevado, muito além dos demais grupos, demonstrando uma significativa hipoperfusão da camada mucosa. No grupo CH, após a reposição volêmica houve redução constante do PCO2 gap até o término do experimento. Duas mortes no grupo ET+CH, aos 120 e 200 minutos, foram anotadas correspondendo a 28,5% do grupo. Conclusão: No presente modelo, a presença de intoxicação etílica promoveu menor tolerância à hemorragia. Houve comprometimento hemodinâmico imediato com hipoperfusão sistêmica e regional acentuadas, tornando a resposta à reposição volêmica menos eficaz