A (des)construção da identidade docente a partir da retórica da aprendizagem socioemocional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rovai, Giovanna Avalone
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-17092024-143404/
Resumo: As identidades docentes são construídas a partir de um movimento dialógico entre aspectos internos e externos, entre o eu e as influências sociais, políticas e geográficas que incidem sobre o professor. Não são fixas e pré-estabelecidas, mas sim, fluidas, flexíveis e permeáveis. Na Sociedade do Conhecimento, o saber legitimado é mercantilizado e existe uma grande valorização da aprendizagem da vida toda, da educação integral, da formação do cidadão global e da preparação para o século XXI. Nesse contexto, através de documentos internacionais e nacionais norteadores fundamentados por estudos financiados por Think Tanks e por parte da academia, o aspecto socioemocional ou socio-afetivo-cognitivo da educação ganha cada vez mais destaque, em especial após a pandemia da Covid-19 e, consequentemente, afeta a construção das identidades docentes coletiva e individual. Assim, nosso problema de pesquisa é o seguinte: de que forma a ênfase na dimensão socioemocional do ensino pode impactar na construção da identidade docente? Para responder a essa pergunta, a metodologia escolhida foi a da pesquisa bibliográfica documental. Nosso referencial teórico compreende especialistas em identidades culturais e docente, como Stuart Hall, Anthony Giddens, Alberto Melucci, Giméno Sacristán, Maria de Lourdes Ramos da Silva, Manuel Castells e Tomaz Tadeu da Silva. No campo da afetividade e construção do conhecimento foram utilizadas teorias das Neurociências, da Psicologia e da Educação como António Damásio, Lev Vigotski, Jean Piaget, Henri Wallon, Ulisses F. Araújo, Valéria Arantes, Lígia Márcia Martins, Dermeval Saviani, Yves de La Taille, Marta Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas, Sergio Antonio da Silva Leite, Dalila Andrade Oliveira e Marilene Proença Rebello de Souza. Foram examinadas e apresentadas as origens teóricas e políticas do tema das habilidades socioemocionais em documentos norteadores. Foram mapeadas teses e dissertações brasileiras publicadas entre 2017-2023 a partir de descritores específicos e critérios pré-estabelecidos. Realizamos análise de conteúdo do corpus e relacionamos as perspectivas encontradas às finalidades da escola, papeis do aluno e do professor. Questionamos se os valores subjacentes dos discursos sobre aprendizagem socioemocional no Ensino Fundamental podem caracterizar ou não um novo tipo de professor ideal. Os resultados apontam para uma tendência de desconstrução das identidades docentes como estávamos acostumados no passado e para a construção de professores cuja especialidade não se concentra tanto no letramento e na formação do pensamento crítico de seus alunos, mas, sim, na execução de várias tarefas ao mesmo tempo, na solução de problemas de maneira independente, na regulação de suas emoções, e na priorização do desenvolvimento em prol da produtividade, utilidade e administração consciente de interações sociais. A pesquisa abre caminho para novas análises sobre a maneira como os próprios professores percebem essas novas identidades em cada nível de ensino, e possíveis comparações dos dados aqui obtidos com os de estudos de outros países.