Avaliação da citotoxicidade, genotoxicidade e mutagenicidade dos herbicidas tebutiurom e trifluralina e de seus efeitos na expressão de genes de resposta ao estresse celular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bernardes, Mariana Furio Franco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60134/tde-07072016-151441/
Resumo: Os herbicidas são destinados ao controle das ervas daninhas e seu uso torna o fornecimento de alimentos abundante e livre de pragas, porém a exposição ocupacional e ambiental a esses compostos pode trazer riscos à saúde. O Brasil é o maior consumidor de praguicidas desde 2008, e os herbicidas correspondem por 45% do volume dessas substâncias. O tebutiurom e a trifluralina são herbicidas muito utilizados em culturas de cana-de-açúcar, e apesar de serem descritos como seletivos em seu mecanismo de ação, seus efeitos em organismos não alvo, como células humanas, são pouco conhecidos. O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos dos herbicidas tebutiuron e trifluralina em organismos não alvo. Para isso, utilizou-se a linhagem celular HepG2, e as concentrações testadas dos herbicidas foram de 1 a 100 ?mol/L e o tempo de exposição variou de 4 h à 14 dias de acordo com o ensaio. Utilizou-se também as linhagens TA98 TA100, TA97a e TA1535 da bactéria S typhimurium. Neste caso, as concentrações testadas dos herbicidas variaram de 0,1 à 5000 ?g/placa e o tempo de exposição foi de 66 h. As análises indicaram que o tebutiurom não apresenta potencial citotóxico, genotóxico, ou mutagênico nas condições testadas, evidenciando sua seletividade. Testes com a trifluralina, no entanto, mostraram que HepG2 apresentaram uma diminuição da capacidade em formar clones quando expostas à 100 ?mol/L por 14 dias, e uma redução na densidade celular quando expostas à 50 e 100 ?mol/L por 24, 48 e 72h. Tais efeitos ocorreram devido a uma diminuição da viabilidade celular, observada em 50 e 100 ?mol/L pelo ensaio MTT, e devido a um bloqueio no ciclo celular na fase S, evidenciado em 100 ?mol/L, ambos nos tempos de 24, 48 e 72h. O tipo de morte celular inicialmente observada foi a apoptose, através da marcação por anexina V em 100 ?mol/L após 48 e 72 h de exposição, e através da condensação e fragmentação nuclear em 100 ?mol/L após 24 e 48 h de exposição. Em 72 h, observou-se também necrose em 100 ?mol/L, por meio dos testes anexina V/PI e liberação de LDH. A morte celular pode estar relacionada à diminuição do potencial de membrana mitocondrial, observada em 50 e 100 ?mol/L após 24, 48 e 72h, e a um aumento na produção de espécies reativas, efeito observado em células expostas à 100 ?mol/L de trifluralina por 24 e 48 h. No entanto, observou-se que a via de resposta ao estresse oxidativo Keap1/Nrf2-ARE não foi ativada no tempo analisado de 24 h. Além disso, os testes de cometa e micronúcleo não indicaram potencial da trifluralina em provocar danos no material genético de HepG2. Complementarmente, o teste de Ames em linhagens de S typhimurium também não evidenciaram potencial mutagênico do herbicida. As análises com a trifluralina mostraram que o herbicida, apesar de não induzir genotoxicidade e mutagenicidade, possui potencial citotóxico em HepG2, indicando que pode afetar organismos não alvo, como células humanas