Os efeitos de uma intervenção interdisciplinar, não prescritiva e pautada na abordagem \"Health at Every Size®\" nas percepções de mulheres na condição de obesidade acerca do prazer alimentar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sabatini, Fernanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-15092017-163938/
Resumo: Introdução: Novas condutas terapêuticas e de prevenção frente à obesidade tornam-se objetos de estudo, entre elas a abordagem Health at Every Size® (HAES®). A abordagem HAES® aponta para o prazer em comer como crucial para a promoção de saúde e sustentabilidade no tratamento. A condenação cultural do prazer em paralelo à negligência do prazer no tratamento da obesidade forma um cenário de crítica, em que a mulher obesa é alvo de múltiplas desvantagens, entre elas a culpabilização do comer. Assumimos, para este estudo, a importância de aprofundar-se nas relações entre novas perspectivas no cuidado à mulher obesa e o estímulo ao prazer em comer. Objetivos: Investigar as percepções de mulheres na condição de obesidade acerca do prazer em comer antes e após uma intervenção interdisciplinar, não prescritiva e pautada na abordagem do HAES®. Métodos: Estudo qualitativo a partir de um ensaio clínico randomizado controlado com seguimento de sete meses nos anos de 2015 e 2016. Incluiu 97 mulheres na condição de obesidade de 25 a 50 anos de idade, com índice de massa corporal entre 30 e 39,9Kg/m², sendo alocadas em dois grupos: Intervenção e Controle. Ao final do estudo, 39 mulheres concluíram no grupo Intervenção (62,90 por cento ) e 19 concluíram no Controle (54,28 por cento ). Para os dois grupos, as atividades tiveram como linha condutora a abordagem do HAES®. O grupo Intervenção trouxe uma proposta original, com oferta de atividade física 3 vezes na semana, acompanhamento nutricional individual e oferta de discussões no formato de cinco oficinas filosóficas. O grupo Controle baseou-se ao modelo tradicional de aplicação da abordagem HAES®, com palestras expositivas bimestrais. A construção dos dados ocorreu a partir de grupos focais. Para análise das transcrições dos grupos, foi realizado o método de Análise de Conteúdo, sendo construídos temas pela técnica de Cutting e Sorting, os quais fundamentaram a argumentação teórica neste estudo. Resultados: Vinte e três temas sobre as percepções do prazer em comer das mulheres estudadas foram construídos. Após a intervenção, foram construídos de maneira significativa para o grupo Intervenção temas sobre maior autocontrole e reflexão sobre os próprios desejos; sensação de empoderamento para escolher o que e quando comer; aumento do prazer em comer acompanhada; aumento do prazer em comer comidas feitas por si própria; aumento dos discursos sobre comer sem culpa; diminuição da sensação de não sentir prazer e ainda diminuição do comer por emoções como ansiedade. Conclusão: A nova intervenção proposta promoveu efeitos positivos na relação das mulheres com o prazer em comer, evidenciando a desculpabilização do prazer em comer e melhora de outros aspectos da prática alimentar, como a comensalidade. Percebemos que este efeito se deu sobretudo a partir do estímulo a um processo reflexivo sobre corpo, comida e saúde, ficando claro que o prazer em comer sem culpa é um desfecho necessário quando falamos da saúde da mulher obesa