A Questão da Palestina e a Fundação de Israel

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Gomes, Aura Rejane
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-24052002-163759/
Resumo: O objetivo deste trabalho foi compreender, do ponto de vista da política internacional, os fatores que viabilizaram a fundação de Israel no território da Palestina, provocando um dos mais prolongados e dramáticos conflitos da história contemporânea. A criação de Israel, decidida na ONU, em 1947, violou os direitos fundamentais do povo árabe palestino (70% do total da população nesse ano), garantidos pela Carta das Nações Unidas e pelo Pacto da Sociedade das Nações, ambos fontes do Direito Internacional, e violou o título jurídico adquirido pelos árabes através do acordo firmado com os países da Entente, durante a Primeira Guerra Mundial, que garantia a independência da Palestina, causando revolta generalizada no mundo árabe, já profundamente ressentido do imperialismo ocidental na região. Considerando a conjuntura internacional desse período, delineada pela Guerra Fria, e considerando que os principais atores do sistema internacional tinham consciência de que tal decisão causaria a hostilidade dos países árabes, acarretando altíssimos custos militares, políticos e econômicos, uma vez que a Liga Árabe declarou não reconhecer uma decisão que considerava ilegal, tivemos interesse em conhecer quais foram as expectativas de ganhos que levaram os EUA, a ex-URSS e outros países a assumirem os riscos e os custos dessa decisão. Várias conclusões foram obtidas. Os EUA não tinham nenhuma expectativa de ganho com o apoio à criação de Israel, pelo contrário, esse evento acarretou pesados custos à nação norte-americana, advertidos permanentemente pelos Secretários de Estado e Defesa. A decisão pró-Israel foi uma iniciativa do Presidente Truman para defender seu interesse pessoal nas eleições seguintes, quando pretendia contar com o apoio da comunidade judaica de seu país. A posição de Truman garantiu a forte pressão dos EUA, na forma de chantagem e suborno, sobre vários países que sustentavam posições contrárias, na votação da partilha, na ONU. Quanto à decisão soviética, não há uma compreensão conclusiva. Stalin, durante muitos anos, um antagonista intransigente ao projeto sionista, surpreendeu a todos apoiando de última hora a criação de Israel, na votação na ONU. Grande parte dos estudiosos considera que o objetivo soviético era simplesmente prejudicar a Grã Bretanha. Aparentemente, nessa mudança de posição momentânea, houve um equívoco nos cálculos políticos, percebido pouco tempo depois, levando esse país a reconsiderar novamente sua posição em favor dos árabes. Grande parte dos países de ambos os blocos assumiram simplesmente o alinhamento automático às decisãos das duas superpotências. Por último, cabe destacar que o interesse do Brasil era permanecer alinhado com os EUA e, nesse sentido, Oswaldo Aranha, como Presidente da Assembléia Geral, prestou um serviço fundamental. No dia da votação, devido à avaliação de que a proposta pró-Israel seria derrotada, Oswaldo Aranha decidiu encerrar mais cedo os trabalhos, adiando a votação, dando, assim, aos sionistas o tempo que necessitavam para “convencer" os países contrários, a fim de mudar seu voto.