Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Sarti, Milena Maria |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-02042008-144057/
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Resumo: |
O objetivo deste estudo é de-superficializar os sentidos sócio-historicamente constituídos acerca da criança, do brinquedo e da brincadeira que, acionados na publicidade de brinquedos ressoam, pela via da interpretação linguageira (imposta pela ideologia), nos processos de subjetivação. A partir desses sentidos, pretende-se contribuir para uma análise crítica da cultura contemporânea. Para atingir tal alvo, levou-se a efeito uma análise do slogan publicitário da ABRINQ (Associação dos fabricantes de brinquedos): \"Brinquedo faz criança feliz.\". Essa escolha justifica-se em virtude da posição enunciativa heterogênea que o slogan/enunciado assume, uma vez que representa tanto o lugar social ocupado pelos fabricantes de brinquedos, quanto o lugar social do sujeito coletivo, sendo que considerou-se que este último indicia como o imaginário social representa o universo infantil - considerando que a ABRINQ é legitimada socialmente como uma agência protetora e que tem voz ativa na regulamentação dos direitos da infância e da adolescência. Aposta-se nessa heterogeneidade, e tenciona-se ultrapassar o efeito de homogeneidade de sentido e o caráter de verdade universal que esse slogan procura instalar. Esse trabalho de análise se deu através do arcabouço teórico/metodológico da Análise do Discurso com filiação em Pêcheux, incluindo sua interlocução com a psicanálise, e também com as formulações de teóricos críticos da cultura e da sociedade contemporâneas, bem como teorias que tratam do universo infantil. A análise mostrou que em lugares discursivos como o slogan da ABRINQ (cujo funcionamento é genérico, o que produz o apagamento do processo sócio-histórico que o faz significar) estão condensadas formações discursivas específicas que, organizadas em torno de uma dominante (a saber, o sintoma fetichista), procuram impor um efeito de sentido ao sujeito que lê/ouve/interpreta: de que o brinquedo, a brincadeira e a criança não poderiam significar de outra maneira. No lugar da enunciação desse slogan, sedimentam-se aspectos da identidade e da subjetividade que correspondem a interpelação/identificação dos sujeitos com a posição ideológica que ocupam no contexto sócio-cultural atual, marcado pela hegemonia da cultura de consumo: a identidade de consumidor substantiva o sujeito que goza em uma posição ideológica definida e o slogan apela, justamente, a esse assujeitamento ideológico. Portanto, o slogan publicitário em seu funcionamento discursivo instaura, pela via da interpretação, processos de identificação, que correspondem a diversos mecanismos sociais atuantes na produção de subjetividade. No que concerne aos sentidos atribuídos à criança, ao brinquedo e à brincadeira pode-se observar através dos gestos de interpretação sobre o slogan da ABRINQ - gestos estes tecidos pelo acesso à memória discursiva e pela mobilização do arquivo textual - que o recalque do processo sócio-histórico e ideológico que faz o brinquedo significar como mercadoria está em consonância com os interesses de reprodução das relações de força no campo ideológico sob a égide da ideologia da classe dominante, ou seja, consoantes com a manutenção da coesão do imaginário social como sistema que é naturalizado pela ideologia como evidente e coerente. Em função disso, conclui-se que o brinquedo-mercadoria, enquanto bem simbólico atrelado à produção material, encarna as expectativas e as formações imaginárias que a sociedade de consumo constrói sobre a criança e revela-se como um instrumento de violência simbólica que procura repudiar, através da homogeneização de sentidos e sujeitos, a possibilidade sempre presente da irrupção do novo que pode significar resistência ou renovação dos sentidos que circulam no imaginário social. |