Considerações sobre a natureza do (espaço) urbano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos Junior, Washington Ramos dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-04062024-165833/
Resumo: Este trabalho tem por objetivo investigar a natureza do espaço urbano. Contudo, ao longo da pesquisa, percebeu-se que a definição para espaço urbano não era algo pacificado na literatura, com poucos compêndios trazendo alguma definição. Nossa abordagem está focada em entender o papel da cidade como locus de constituição da alteridade e, portanto, a argumentação teórico-metodológica fundamenta-se no caráter liminar da cidade, compreendendo que isso não é uma característica pós-moderna, e sim algo que se faz presente desde sua origem na Mesopotâmia. Desse modo, Uruk, a primeira cidade, decorre da convergência de alguns fatores para seu surgimento: o Estado, a escrita, o patriarcado, a gestão da violência e, sobretudo, a definição de alteridades (irredutíveis a dicotomias), como a cidade e o selvagem, a mulher e, já desde os primórdios da urbanização, a existência de quatro gêneros. Com o passar do tempo, a cidade manteve sua primazia sobre as demais práticas espaciais e sempre serviu de base e de suporte para ordenamentos e cosmologias que inicialmente religavam o homem aos deuses, que depois vinculavam os seres humanos entre si e que hoje os conectam, individualmente, com sua própria nadificação. A cidade representa esse processo por intermédio da relação entre urbs e civitas, entre materialidade e o elo que vincula seus moradores. Entretanto, esse elo foi rompido com o capitalismo industrial no século XIX, dando lugar a um gregarismo que também é representado pela fragmentação do tecido urbano. Os teóricos marxistas, hegemônicos nos discursos sobre a cidade e o urbano, encaram-nos como produto do modo de produção, limitando as possibilidades de discussão sobre o urbano e indiferenciando-o do conceito de espaço. Hoje, a tentativa de captar a realidade urbana por meio de sua conceptualização ocorre por meio diversos termos, mas poucos preocupam-se, de fato, em compreender a natureza do urbano contemporâneo, até porque não se reconhece um fenômeno que esteja vinculado exclusivamente ao urbano. Nesse sentido, propomos que a cidade é o locus da liminaridade e, assim, da individuação, uma vez que a materialidade urbana, em decorrência da concentração populacional e do anonimato, serve de suporte para a constituição de diferenças, entendidas como realizações de devires do Ideal do Eu maturativo. Por sua vez, isso implica a ruptura com o conceito de espaço enquanto extensão e receptáculo, surgido, aparentemente, em meados do século XIV, com o parcelamento de terras e séculos antes da filosofia cartesiana