Efeitos da combinação de técnicas de estimulação transcraniana não-invasivas sobre o córtex pré-frontal: um estudo fatorial, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Razza, Lais Boralli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-30032022-082010/
Resumo: Introdução: As técnicas de estimulação cerebral não invasivas têm sido cada vez mais usadas para estimular o córtex pré-frontal (CPF), com achados mistos nos campos da neurociência cognitiva e afetiva. Por sua vez, protocolos inovadores sugerem que a combinação de técnicas de neuromodulação pode otimizar as mudanças na atividade cerebral. No entanto, ainda não há conhecimento científico suficiente sobre a combinação de diferentes intervenções de estimulação transcraniana não-invasiva sobre o CPF. Objetivo: Avaliar os efeitos da aplicação de protocolos isolados e combinados de estimulação elétrica por corrente contínua (ETCC) e estimulação thetaburst intermitente (iTBS) sobre a porção dorsolateral do CPF (CPFDL) esquerdo de voluntários saudáveis por meio de técnica de neuroimagem e testes cognitivos. As regiões cerebrais de interesse nos achados de neuroimagem foram o córtex pré-frontal e suas sub-regiões, córtex cingulado, ínsula e córtex temporal. Método: Estudo fatorial, randomizado, duplo-cego, controlado. Os participantes receberam quatro protocolos distintos de estimulação (ETCC isolada, iTBS isolada, Intervenções Combinadas e Placebo), uma vez por semana, sobre o CPFDL localizado por neuronavegação estrutural. A ETCC foi aplicada com uma corrente de 2mA por 20 minutos e a iTBS com 1620 pulsos, por 9 minutos. Em todos os protocolos, a ETCC foi concomitantemente aplicada com iTBS durante os 9 minutos finais. Um radiofármaco (dímero de etilcisteínato marcado tecnécio-99m) foi administrado logo após o início do protocolo de iTBS. Uma escala de efeitos adversos e o teste de memória operacional (n-back) foram aplicados após o final da sessão de neuroestimulação, enquanto a Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único (SPECT) foi realizada com até 45 minutos do final da sessão de neuromodulação. Resultados: Ao todo, 25 sujeitos foram incluídos (idade média =28.6 anos (desvio padrão (DP) = 7), sendo que 23 receberam todas as sessões de estimulação e 2 deles apenas a primeira, somando um total de 94 sessões realizadas. Comparados ao protocolo placebo, os achados de neuroimagem mostraram que as intervenções combinadas alteraram significativamente regiões mais profundas como o córtex cingulado anterior esquerdo (p= 0.03) e posterior direito (p=0.02), enquanto o protocolo de ETCC modulou o córtex orbitofrontal direito (p=0.02) e esquerdo (p=0.04). A comparação direta entre protocolos ativos mostrou a ETCC aumentando a ativação em orbitofrontal direito em comparação com a iTBS (p=0.02). Em comparação com a ETCC, iTBS (p=0.03) e as intervenções combinadas (p=0.03) aumentaram a ativação em ínsula esquerda, enquanto iTBS ativou córtex frontal medial superior (p=0.006). O protocolo de intervenções combinadas teve ativação superior ao iTBS em córtex temporal esquerdo (p=0.04). Os achados de cognição, por sua vez, foram conduzidos apenas com o subset da primeira sessão e apresentaram resultados significativos para tempo de reação entre os protocolos (p=0.02), mas análises de múltiplas comparações não foram conduzidas pela pequena amostra. Entretanto, análises fatoriais mostraram o fator iTBS, mas não o fator ETCC, significativamente influenciando o tempo de reação. Finalmente, os protocolos ativos foram similarmente toleráveis. Conclusão: Os achados deste estudo encorajam futuros estudos: 1) na aplicação do protocolo combinado em estudos fase-II com população psiquiátrica; 2) investigação mais ampla dos efeitos do protocolo iTBS sobre a performance cognitiva; 3) condução de estudos explorando a variabilidade da resposta da ETCC