As respostas de múltiplas espécies de corais do Atlântico Sudoeste ao estresse térmico in situ e ex situ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Corazza, Beatriz Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21134/tde-27102023-180357/
Resumo: Os recifes de coral são ambientes altamente biodiversos e produtivos. Apesar de ocuparem uma pequena área dos oceanos, têm uma importância fundamental para a vida marinha e para os seres humanos. Contudo, esses recifes estão cada vez mais expostos a condições potencialmente estressoras, especialmente aquelas proporcionadas pelas mudanças climáticas, como o aumento da temperatura superficial dos oceanos. Para investigar a resposta dos corais do Atlântico Sudoeste, considerado um refúgio climático, foram adotadas duas abordagens: I. a primeira abordagem foi realizada in situ, com o objetivo de documentar o branqueamento, a mortalidade e a potencial recuperação dos corais durante o episódio de estresse térmico de 2019 em três recifes no sul da Bahia (Brasil). Foram tiradas fotos subaquáticas durante os monitoramentos do Projeto Coral Vivo entre os anos de 2018 e 2022. Essas imagens forneceram dados sobre a incidência de branqueamento, a cobertura coralínea bentônica e a abundância de colônias de corais. Os resultados mostraram uma redução no número de colônias em 31,80% e na cobertura em 49,59% em nível de comunidade. Além disso, as espécies Mussismilia harttii e Millepora alcicornis se destacaram por sua sensibilidade, com perdas de cobertura aproximadas de 67,27% e 91,33%, respectivamente. Mesmo três anos após o evento de estresse, apenas as espécies Millepora alcicornis e Muriceopsis sulphurea apresentaram valores significativos de recuperação, sugerindo que outras espécies, especialmente aquelas de morfologia massiva, predominantes no Atlântico Sudoeste, demandam de mais tempo para se recuperar. Com a frequência crescente de ondas de calor, a atenção aos corais brasileiros deve ser redobrada, especialmente diante das previsões de reestabelecimento das condições de El Niño (fase quente) em 2023 e a expectativa de fortalecimento até o verão de 2023-24 no Hemisfério Sul. II. A segunda abordagem, de natureza ex situ, buscou investigar a resposta de catorze espécies de corais que ocorrem no Brasil a condições experimentais de estresse térmico, além de compreender quais espécies são mais resistentes ou sensíveis. Fragmentos das catorze espécies foram alocados em oito aquários, sendo quatro submetidos a condições de controle (26 °C) e quatro a condições de tratamento que simulavam estresse térmico agudo (+4 °C, i.e., 30 °C). Informações foram coletadas a partir dos fragmentos sob duas óticas: a fotossintética, com medições de incidência de branqueamento visual, densidade de zooxantelas e eficiência fotossintética; e a de estresse oxidativo, com medições de peroxidação lipídica (LPO), carbonilação de proteínas (PCO) e dano ao DNA (sítios apurínicos/apirimidínicos - AP). Das catorze espécies, apenas quatro apresentaram branqueamento (sutil), uma apresentou redução da densidade de zooxantelas, cinco apresentaram redução de eficiência fotossintética, uma apresentou aumento de LPO, outra de dano oxidativo de DNA e nenhuma de PCO. Sendo assim, as espécies do Atlântico Sudoeste parecem apresentar resistência a condições de aumento de temperatura agudo. Os dados apresentados por esse estudo trazem informações de base e que não tinham sido acessadas até então, de modo a contribuir para a previsão de como essas espécies devem se comportar durante as próximas ondas de calor.