Esculpindo a nação: ideologias e utopias no \"Boletim de Eugenia\" (1929-1933)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Jota, Filipe Dantas de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-23022023-160923/
Resumo: A ideologia é geralmente compreendida como uma concepção falsa da realidade, elaborada e imposta pela classe dominante a fim de legitimar a ordem vigente. A utopia, por seu turno, é comumente tida como o produto quimérico do idealismo revolucionário, cuja ingenuidade - ou má fé - levaria à instauração de uma ordem autoritária. Por outro lado, a primeira também pode ser definida como um conjunto de representações sociais mediante as quais nos definimos e nos apresentamos ao mundo, ao passo que a segunda pode ser compreendida como qualquer alteridade ideal que nos estimula a transformar a sociedade para melhor. Nesse sentido, enquanto a ideologia pode ser considerada como toda visão de mundo (Weltanschauung) que nos permite forjar identidades individuais e coletivas, expressando valores, crenças e ideias que nos definem socialmente, a segunda é a visão de um ambiente possível, sem a qual não há possibilidade de mudança. Desde que os horrores do Holocausto foram revelados, a eugenia tende a ser imediatamente associada às definições negativa de ideologia e utopia, sendo desqualificada como uma pseudociência a serviço da classe dominante, refletindo as aspirações prometeicas da ciência moderna. Com base nisso, essa pesquisa parte da seguinte questão: de que modo as definições positivas de ideologia e utopia se fizeram presentes no discurso eugênico anterior à Segunda Guerra Mundial, de modo que o caráter negativo desses conceitos era negado ou ignorado pelos eugenistas? Considerando os processos históricos que resultaram na formação de um imaginário social permeado por noções como progresso, civilização e felicidade, o presente trabalho analisa o discurso eugênico brasileiro a partir das ideologias e utopias articuladas por seus defensores. Para tanto, analisamos o periódico \"Boletim de Eugenia\" (1929-1933), tendo em vista a compreensão das ideias-imagens que expressam os valores e crenças dos autores, assim como aquelas que remetem a alteridades ideais. Conclui-se que, não obstante as divergências teórico-conceituais no interior do movimento eugênico brasileiro, bem como o caráter contraditório e multifacetado deste, as ideologias e utopias empregadas pelos eugenistas foram fundamentais para assegurar sua coesão, favorecendo sua integração e atuação como movimento social.