Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Pires, Milena Monfort |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-22122015-121128/
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Resumo: |
Introdução: Mudanças na alimentação e atividade física das populações elevaram a incidência de doenças crônicas não-transmissíveis associadas à adiposidade corporal. Este quadro contribui para mortalidade cardiovascular, motivando iniciativas em saúde pública visando à prevenção. Há evidências de que populações que consomem a dieta mediterrânea apresentam menor mortalidade por todas as causas, inclusive cardiovasculares. Os benefícios desta dieta, rica em fibras, gorduras insaturadas e polifenóis, parecem decorrer da atenuação da inflamação, envolvida na gênese de doenças cardiometabólicas. Objetivo: Este estudo investigou os efeitos da modificação de uma refeição diária, o desjejum, de forma a incluir alimentos mediterrâneos, sobre o metabolismo lipídico, glicídico, inflamação subclínica e expressão de genes inflamatórios. Métodos: Foi um ensaio clínico cruzado com duração total de 10 semanas, incluindo 80 adultos com excesso de peso, não-diabéticos. Os participantes passaram por 2 intervenções de 4 semanas no desjejum, com wash-out de 2 semanas entre elas. Os desjejuns, brasileiro e modificado, foram isocalóricos, diferindo quanto ao conteúdo de fibras e tipos de ácidos graxos. Antes e após cada intervenção foi realizado teste de sobrecarga de gorduras (FTT) com refeição rica em gorduras (saturadas e insaturadas MUFA e PUFA, dependendo da intervenção) e coletas sanguíneas seriadas até 240 minutos para determinação de glicose, insulina, lípides e marcadores inflamatórios. Foram também analisadas as expressões de genes inflamatórios, antes e após cada intervenção. Para comparar as respostas às intervenções foram usados teste t de Student ou os correspondentes não-paramétricos e ANOVA para medidas repetidas. Para as expressões dos genes foi utilizado o método delta ct e a expressão relativa calculada tendo como base valores de jejum e pré-intervenção. Valor de p <0,05 foi considerado significante. Resultados: No Artigo 1 (Modification in a single meal is sufficient to provoke benefits in inflammatory responses of individuals at low-tomoderate cardiometabolic risk), o FTT com desjejum brasileiro comparada ao modificado provocou maiores concentrações de IL-6 e IL-8, e esta resposta se acentuou após intervenção. As concentrações de selectina E, TNF-, IFN-, IL-10 e IL-17 se elevaram apenas após intervenção brasileira. No Artigo 2 (Inflammatory and metabolic response to dietary intervention differs among individuals at distinct cardiometabolic risk levels), a intervenção com desjejum modificado reduziu (p<0.05) a circunferência da cintura e pressão arterial e aumentou as concentrações de HDL. Indivíduos com síndrome metabólica melhoraram fatores clássicos (pressão arterial e glicemia, além de apolipoproteína B) após desjejum modificado, enquanto aqueles sem a síndrome melhoraram marcadores inflamatórios. O Artigo 3 (Comparison of inflammatory genes expression and their circulating products after short-term fatty acids interventions in humans) mostrou que o FTT com desjejum rico em gordura saturada induziu maior expressão pós-prandial de IL-1 quando comparado ao rico em insaturadas, antes e após as intervenções. Houve tendência à maior expressão de IFN- e IL-6 após intervenção com desjejum brasileiro. Na metanálise do Artigo 4 (Impact of the content of fatty acids of oral fat tolerance tests on postprandial triglyceridemia: systematic review and meta-analysis) foram incluídos 18 estudos buscando comparar as respostas dos triglicérides a ácidos graxos saturados e insaturados. Verificou-se que após 8 horas de refeição rica em MUFA há menor trigliceridemia. As menores concentrações observadas após ingestão de PUFA em relação à de saturados não atingiu significância. Conclusões: Pequenas modificações na dieta podem, em período relativamente curto, promover benefícios ao perfil de risco cardiometabólico. Tais benefícios foram evidentes em parâmetros clínicos habituais e reforçados pelos efeitos na expressão de genes inflamatórios e em marcadores circulantes. Vislumbra-se potencial de aceitação da introdução de componentes da dieta mediterrânea em população não-mediterrânea como a brasileira, o que poderia melhorar o perfil de risco cardiometabólico no longo prazo. |