Estudo experimental dos efeitos da exposição repetida ao glifosato sobre o comportamento de ratos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rialto, Taísa Carla Rizzi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60134/tde-20092021-200250/
Resumo: O Brasil está entre os líderes mundiais no uso de praguicidas, dos quais, os mais aplicados atualmente são os herbicidas, seguidos por inseticidas e fungicidas. Dentre os herbicidas, os mais utilizados no país são aqueles baseados no glifosato. Nas plantas, o glifosato inibe a síntese dos aminoácidos aromáticos, uma via metabólica ausente em mamíferos. Então, a princípio considerava-se que o glifosato não representaria riscos para a saúde de mamíferos, mas alguns estudos recentes tem sugerido que esses herbicidas causam efeitos neurotóxicos. Porém, ainda há poucos dados e alguns achados são controversos. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar (i) o efeito do herbicida Roundup® (baseado em glifosato) sobre o sistema nervoso central (SNC) e (ii) estabelecer a correlação das alterações da atividade motora e ansiedade, que são bioindicadores de efeito no SNC, com o conteúdo dos neurotransmissores (monoaminas) e de seus metabólitos em diferentes áreas do cérebro de ratos. Para tal, ratos Wistar foram expostos por via oral (gavagem) a: (i) 250 mg/kg de glifosato (Roundup®), diariamente por 15 dias (exposição de curto prazo) ou (ii) a 250 e 500 mg/kg de glifosato (Roundup®), diariamente por 28 dias (exposição subcrônica). Ao final dessas exposições, foram realizados os testes arena de campo aberto (atividade locomotora e ansiedade), hole-board (coordenação motora) e labirinto em cruz elevado (ansiedade). Foi determinado o conteúdo de serotonina (5HT) e dopamina (DA) e de seus respectivos metabólitos, ácido 5- hidroxindolacético (5HIAA) e 3,4 dihidroxifenilacético (DOPAC) no córtex pré-frontal, hipocampo e estriado dos grupos de exposição subcrônica. Observou-se diminuição do ganho de peso corporal nos dois grupos de exposição subcrônica. Ao contrário de outros estudos sugerindo que o glifosato diminui a atividade motora e altera a ansiedade, no presente estudo não foram observadas alterações nesses parâmetros, seja na exposição de curto prazo ou subcrônica. No grupo de exposição subcrônica à maior dose (500 mg/kg), as seguintes alterações foram observadas: aumento de 5HIAA no córtex pré-frontal, diminuição de 5HIAA no hipocampo, aumento de DOPAC no córtex pré-frontal e estriado. Não houve alteração no conteúdo dos neurotransmissores 5HT e DA em nenhuma das áreas cerebrais analisadas. Apesar das alterações nos metabólitos, só houve aumento significativo do turnover de DA (DOPAC/DA) no estriado, porém sem reflexos na atividade motora. Estudos adicionais com doses e/ou tempo de exposição maiores são necessários para comprovar os efeitos neurotóxicos do glifosato em mamíferos.