Estresse perinatal: efeitos sobre o comportamento alimentar e sistemas de monoaminas cerebrais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: SOUZA, Julliet Araújo de
Orientador(a): SOUZA, Sandra Lopes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Nutricao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32763
Resumo: Distúrbios do comportamento alimentar têm se tornado um fardo para a saúde em todo o mundo. Eventos estressores no início da vida têm sido associados com o desenvolvimento desses distúrbios. Estudos em roedores têm demonstrado que a separação materna entre mães e filhotes durante as primeiras duas semanas de vida é um evento traumático que impacta o comportamento alimentar e sistemas de neurotransmissores na vida adulta. Assim, o presente trabalho objetivou investigar, em ratos, machos e fêmeas, os efeitos da separação materna na lactação sobre parâmetros do comportamento alimentar homeostático e hedônico. Os animais foram separados de suas mães, diariamente, durante as duas primeiras semanas de vida por 3 ou 6h, caracterizando os grupos controle (C) e separado (S) e os parâmetros avaliados foram distribuídos em 3 experimentos. No experimento 1 foram avaliados, em machos, o consumo alimentar após estresse, a preferência alimentar segundo a fase de luminosidade, a ansiedade experimental, o consumo alimentar de 24h e em resposta à fluoxetina. No experimento 2 foram avaliados, em fêmeas, o consumo alimentar de 24h, a Sequência Comportamental de Saciedade (SCS) e a expressão gênica dos receptores serotoninérgicos 5ht1b e 5ht2c e do transportador (Sert). No experimento 3 foram avaliados, em machos e fêmeas, separados na fase clara ou escura, a ingestão de dieta palatável e a expressão gênica dos receptores dopaminérgicos Drd1a e Drd2a. Os resultados obtidos no experimento 1 demonstram que a separação materna aumenta o consumo de alimento palatável após estresse agudo (C (Dia3): 0,59 ± 0,49 vs S (Dia 3): 1,09 ± 0,56, p<0,05) e diminue a ingestão de dieta padrão durante o estresse crônico (Dia 19: C: 26,73 ± 4,20 vs S: 22,20 ± 2,94, p<0,05), aumenta a preferência por uma dieta palatável na fase escura no período de adaptação a esta (C: 22,48 ± 15,97 vs S: 33,99 ± 10,09, n=12-14, p<0,05), aumenta a ansiedade no labirinto em cruz elevado (tempo nos braços abertos - C: 75,07 ± 32,58 vs S: 24 ± 29,98, p<0,001) e promove resistência à ação anorética da fluoxetina (S (Jejum): 1,58 ± 0,27 vs S(Jejum+Fluox): 1,28 ± 0,5). No experimento 2 foi demonstrado que a separação materna antecipa o ponto de saciedade em fêmeas aos 365 dias de vida associado à menor ingestão alimentar (C: 5.11±1,15 vs S: 2.42±0.85, p<0,01), menor duração (minutos) (C: 19.38±4,5 vs S: 10.31±3,95, p<0,001) e tamanho da refeição (Kcal/Kg peso corporal) (C: 56.19±14.59 vs S: 28.80±10.78, p<0,05) e maior expressão do 5ht1b (C: 1,00 ± 0,11 vs S: 1,96 ± 0,40). No experimento 3 foi demonstrado que a separação materna aumenta o consumo de dieta palatável em ambos os sexos, independente da fase de luminosidade em que a separação ocorre, mas promove aumento da expressão do Drd1a e do Drd2a apenas em machos separados na fase escura (dados publicados). Assim, pode-se concluir que a separação materna prejudica o comportamento alimentar em longo prazo e que essas alterações comportamentais estão associadas à hiperexpressão de receptores de monoaminas cerebrais.