Co-ocorrência, interações tróficas e distribuição potencial da onça-pintada (Panthera onca) no bioma Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Palmeira, Francesca Belem Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-17092015-111206/
Resumo: Predadores de topo desempenham um papel importante na manutenção dos sistemas em que eles ocorrem porque influenciam diretamente a estrutura e a dinâmica de comunidades. Desta forma, este estudo descreveu alguns mecanismos de co-ocorrência espaço-temporal entre a onça-pintada (Panthera onca) e duas espécies de mesopredadores (Puma concolor e Leopardus pardalis), o seu controle top-down na comunidade de mamíferos e os requerimentos ambientais que determinam a sua distribuição no bioma Amazônia. Para as análises de co-ocorrência espaço-temporal foram utilizados o modelo de ocupação e a densidade de Kernel utilizando os registros de armadilhamento fotográfico (2008-2011). Para descrever o controle top-down foi elaborada uma rede trófica utilizando os itens alimentares consumidos pelas espécies e disponíveis na literatura (1983-2014). Para indicar quais as áreas mais adequadas foi utilizado o modelo de distribuição de espécies utilizando as localizações geográficas de ocorrência da espécie que foram compiladas de três diferentes bases de dados (2000-2013). A ocorrência das duas espécies de mesopredadores não foi diferente nos sítios com e sem a onça-pintada nas quatro temporadas de amostragem. A probabilidade de detecção da jaguatirica foi maior nos sítios com a presença da onça-pintada em apenas uma temporada de amostragem. A sobreposição no período de atividade das espécies de mesopredadores com a onça-pintada foi baixa, com cerca de 55% de sobreposição. Também ocorreu uma mudança razoável no período de atividade das espécies entre as temporadas de amostragem, com mínima de 32% e máxima de 56% de sobreposição. As maiores diferenças na detecção e na sobreposição temporal ocorreram na terceira temporada quando teve o maior número de capturas e recapturas da onça-pintada. A rede trófica apresentou seis níveis e grande riqueza de espécies e densidade de interações. Após a remoção da onça-pintada, houve a perda de um nível trófico e de aproximadamente 20% de interações. Quando comparada a distribuição atual da onça-pintada com a histórica, foi possível constatar a perda de espaço ambiental em áreas mais frias (< 6,3 °C), mais secas (< 288 mm), mais úmidas (> 7517 mm) e com maior elevação (> 3597 m). O modelo de distribuição também indicou que muitas áreas potenciais estão disponíveis à ocorrência da onça-pintada e que algumas merecem atenção, especialmente, nas porções leste e sul da Amazônia onde a espécie corre maior risco de desaparecimento local devido à antropização acelerada. Este estudo forneceu significativa contribuição para a compreensão da população de onça-pintada na Amazônia, bioma que ainda possui a maior lacuna de conhecimento sobre a biologia e ecologia da espécie. Demonstrou o efeito da sua presença na detectabilidade e no período de atividade de outras espécies. Também demonstrou seu papel ecológico como predador de topo exclusivo porque foi a única espécie que predou todas as outras de níveis tróficos inferiores. Descreveu o espaço ambiental originalmente ocupado (distribuição histórica) e o perdido (distribuição atual). Indicou as áreas mais adequadas à sua ocorrência e aquelas potenciais ao seu desaparecimento.